Juntos, Basta!, Somos70%: entenda a ascensão dos manifestos pró-democracia

A escalada da tensão política no Brasil em meio à retórica de enfrentamento institucional do presidente Jair Bolsonaro, de membros do seu governo e de seus aliados estimulou nos últimos dias uma série de mobilizações em defesa da democracia no país.

Além dos atos de rua neste domingo, 31, em algumas capitais com São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, também surgem iniciativas na sociedade civil. Na última semana foram divulgados manifestos como o “Estamos Juntos”, “Somos 70%” e o “Basta!”.

Em comum, todos alertam para ameaças de rupturas democráticas com adesão de nomes de diferentes matizes políticas e ideológicas, união incomum em meio à instabilidade e polarização política do Brasil nos últimos anos.

Movimentos

No último sábado, 30, o movimento “Estamos Juntos” divulgou seu manifesto, nascido de um grupo de artistas, políticos, intelectuais, cientistas, organizações, empresas e pessoas, de diferentes setores, que se uniram em “defesa da vida, da liberdade e da democracia”, como diz um comunicado no site oficial.

Em três dias, o movimento recebeu quase 210 mil assinaturas e segue aberto para mais apoiadores. O manifesto não cita nominalmente o presidente, nem faz pedidos de afastamento, mas diz que invoca que “partidos, seus líderes e candidatos agora deixem de lado projetos individuais de poder em favor de um projeto comum de país”.

A ação começou após um grupo de autoras e atrizes do Rio de Janeiro, encabeçado pela roteirista Carolina Kotscho, se unirem para fazer uma nota de repúdio às declarações da então secretária nacional de Cultura, Regina Duarte, que em entrevista à CNN Brasil minimizou os casos de tortura e as mortes causadas pela ditadura militar no país. 

A lista inicial conta com nomes de políticos, como Alessandro Molon (PSB-RJ), Marcelo Calero (Cidadania-RJ), Fernando Henrique Cardoso e Flávio Dino (PCdoB-MA), além de reunir figuras públicas, como Drauzio Varella, Luciano Huck e Ailton Krenak.

Há, ainda, assinaturas de artistas, como Lobão e Zélia Duncan, escritores, como Conceição Evaristo e Ignacio de Loyola de Brandão, economistas como Elena Landau, Samuel Pessoa e Armínio Fraga e intelectuais como Leandro Karnal, Maria Helena Machado, Thiago Amparo, Renato Janine Ribeiro e Joel Pinheiro da Fonseca, este último colunista da EXAME.

A cientista política Maria Hermínia Tavares, que também assinou o manifesto inicial, afirmou à EXAME que sua expectativa é que essa ação seja o “primeiro passo das forças que estão preocupadas com as ameaças à democracia que vem do governo federal”.

“No último mês houveram indícios de que as pessoas que brigaram muito nos últimos anos podem estar no mesmo palanque nesse momento. O primeiro de maio foi um sintoma disso”, disse em referência aos eventos que reuniram, virtualmente, figuras antagônicas como Lula, Ciro Gomes e FHC.

“O objetivo é a união acima de questões partidárias para barrar essa trajetória de autoritarismo e corrupção moral. Estamos dizendo que não vamos normalizar a barbárie. Bolsonaro criou um país onde não nos reconhecemos mais”, afirmou a economista Elena Landau ao jornal O Globo.



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