Lacuna de crédito a PMEs é da ordem de R$ 202 bilhões anuais, diz FGV

Responsáveis por 30% da riqueza anual gerada pelo Brasil, as micro e pequenas empresas vão sofrer os piores efeitos da retração de crédito durante a crise causada pelo novo coronavírus, diz estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado nesta terça-feira, 23. O levantamento estima em R$ 202 bilhões a lacuna existente entre a oferta e a demanda anual por crédito do setor.

Tradicionalmente, negócios menores têm mais dificuldade de pegar dinheiro emprestado, por sofrerem maior risco de falência, e pela escassez de informações sobre histórico de crédito. Essa situação se tornou dramática há alguns meses, quando veio a quarentena:

“Grande parte do funcionamento de negócios menores vem das suas vendas. Sob a ótica da gestão financeira, é o movimento do dia a dia que financia suas necessidades de curto prazo. Por isso, perderam fonte improtante do seu capital de giro”, diz Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV e um dos autores do estudo.

A maior parte dos 17 milhões de micro e pequenos empreendedores faz parte do comércio varejista, segmento duramente atingido pelas medidas de isolamento contra a disseminação da covid-19.

Em busca de uma fonte alternativa de capital para sobreviver, os pequenos empresários procuraram os bancos, mas 86% dos pedidos feitos entre 7 de abril e 5 de maio foram negados, como mostra pesquisa do Sebrae com parceria da FGV. Desde o início das medidas de isolamento, apenas 14% tiveram sucesso, levando a demanda não atendida por crédito a R$ 57 bilhões no segundo trimestre, estima o estudo.

Do governo federal, a primeira ajuda foi falha, como o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, admite. Os R$ 40 bilhões disponibilizados para financiar folhas de pagamento não atenderam às reais necessidades do setor, já que, na prática, o problema das empresas era manter o custo fixo das operações, o que não seria contemplado pela linha do governo criada para ajudar a pagar o salário de funcionários.

Apenas R$ 2 bilhões chegaram aos bolsos dos micro e pequenos empresários, 5% do que a equipe econômica previa emprestar. Esse valor reduziu o custo da folha de 1,3 milhão de empregados, em mais de 79.000 empresas, muito abaixo dos 12,2 milhões de empregados e 1,4 milhão de empresas previstos inicialmente.

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