Depois de um dia e meio de lances disputados, realizados por 15 empresas, o leilão do 5G terminou nesta sexta, 5, com um saldo de 46,79 bilhões de reais, pouco abaixo dos 49 bilhões de reais previstos pelo governo, e um ágio de 5 bilhões de reais. A licitação também marcou a chegada de quatro novos players ao mercado, entre eles a Brisanet, maior provedora da região Nordeste, e a paraense Sercomtel. “Isso deve movimentar bastante a concorrência no setor”, disse o ministro Fábio Faria, das Comunicações, em entrevista exclusiva à EXAME logo após a última batida de martelo. “O resultado do leilão foi surpreendente, prinncipalmente pela disputa gerada e o ágio”.
Um dos principais pontos de atenção era garantir os 40 bilhões de reais estipulados como o volume de investimentos necessários para ampliar o acesso à internet no país, segundo o ministro. “Trata-se de algo fundamental para proporcionar a ampliação do acesso à internet”, afirmou.
As operadoras que levaram lotes disponibilizados no leilão deverão arcar com uma série de obrigações previstas em um cronograma de entregas. Até meados de 2022, o sinal 5G deverá estar habilitado em todas as capitais e no Distrito Federal – nos próximos anos, serão conectados 31.500 quilômetros de rodovias federais, além de 9.600 locais em áreas rurais e povoados. Também há a obrigação de levar a internet às escolas públicas.
A expectativa é que a nova tecnologia gere ganhos para o PIB da ordem de 6,5 trilhões de reais nos próximos vinte anos. “O impacto positivo para importantes setores, como o agronegócio, será rapidamente sentido”, diz Faria. Hoje, menos de 30% das localidades rurais contam com sinal de internet.
Com a ampliação do acesso à tecnologia, deverá haver um uso mais intensivo de sistemas que proporcionam ganhos de produtividade, como drones capazes de realizar a pulverização da lavoura em locais determinados e tratores autônomos. A estimativa é que a geração de riquezas no setor cresça 10% em dez anos com a democratização do acesso à internet.
Segundo um estudo da Nokia, multinacional finlandesa do setor, o ganho de produtividade em toda a economia brasileira deverá ser da ordem de 3 trilhões de dólares até 2035 com o 5G. A alta capacidade de transmissão de dados da frequência, vinte vezes mais rápida do que o 4G, representa um salto tecnológico sem precedentes, diz Faria. “Desde carros autônomos até uma grande otimização de processos em vários setores, como mineração, óleo e gás, indústria e agronegócio, o 5G é a nova fronteira do desenvolvimento”, afirma.
A Ericsson, uma das pioneiras na implementação do 5G, estima que até 2030 a nova tecnologia deverá proporcionar um ganho de 153 bilhões de reais no PIB da indústria. Para o consumidor, as mudanças mais perceptíveis deverão ser carros e veículos de transporte aéreo autônomos e as funcionalidades da internet das coisas, com sistemas avançados de automoção nas casas capazes de monitorar desde a abertura de portas e janelas até o uso de equipamentos.
Algumas capitais, como São Paulo, poderão contar com o sinal do 5G até o final do ano, caso as operadoras agilizem a implementação do sinal. “Será uma nova realidade”, diz Faria.