Curitiba tinha apenas 100 mil habitantes quando a loja de calçados, na Avenida República Argentina, nasceu em 1930. A região do Portão e Novo Mundo era a única via de acesso para várias regiões do Estado e, por ali, moravam, em sua maioria, imigrantes vindos de diversas partes do mundo.
Mas os calçados não foram a escolha inicial de venda, essa opção surgiu com o passar do tempo e com a necessidade de adaptação ao cenário local.
No começo, eram comercializados artigos de montaria e tração animal confeccionados manualmente e em couro, já que o principal meio de transporte da época era a carroça puxada por cavalos, como conta Marcos Schier, proprietário da loja e filho do fundador.
Durante todo esse período, várias crises econômicas foram vividas pela família. Schier conta que nenhuma delas foi tão intensa como a criada pela Covid-19.
Entre as estratégias adotadas pela loja para chegar aos 90 anos está a fidelização de clientes e algumas ferramentas à moda antiga permanecem até hoje, como o carnê e o caderno de anotações para pagar depois.
Fernando Antônio Martins é funcionário público aposentado e compra na loja há anos, sempre no caderninho.
Schier explica que o retorno do cliente para pagar faz com que ele consuma mais. Mas é necessário cautela e pulso com os inadimplentes.
A loja na Avenida República Argentina mantém a fachada original que foi tombada pelo patrimônio histórico e cultural da cidade.
Repórter Francielly Azevedo