Lucro da Renner sobe 86,7%, para R$ 360 mi, com ‘demanda represada’ e inverno rigoroso

O lucro líquido da Lojas Renner subiu 86,7% na comparação anual, para R$ 360,3 milhões, impulsionado pelo bom desempenho da coleção de inverno no período e pelo ganho de escala e eficiência com o aumento das vendas no frio. Para ter uma ideia, houve crescimento de 57% em relação a 2019 em receita e de 45,6% na comparação com o mesmo período de 2021, fechando o trimestre em R$ 3,6 bilhões.

Olhando a receita por vertical, a Renner isoladamente teve um aumento de 43,8%, gerando R$ 2,9 bilhões. A Camicado teve retração de 13,6%, para R$ 130,2 milhões, reflexo do fim das restrições sociais e do menor tempo de consumidores dentro de casa ante o mesmo período do ano passado. Por fim, a Youcom teve o maior crescimento, de 66,6%, totalizando R$ 103,6 milhões.

Além do aumento de preços praticado pela companhia, o mix da estação (mais caro do que o de verão) contribuiu para os ganhos. “Quando você compara com o ano anterior, em que essa compra estava distribuída entre o segundo e terceiro trimestres, neste ano concentrou muito em um único período. Isso gera crescimento mais robusto e um volume muito importante para dar escala aos custos fixos, como aluguel, pessoas na loja”, diz Daniel Martins dos Santos, CFO da Lojas Renner, ao Exame IN.

Esse fator combinado trouxe ganhos de rentabilidade que se traduziram por todo o balanço. A margem bruta da companhia fechou o período em 56,1%, ganho de 1,1 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda da operação de varejo subiu 62,2% na comparação anual, para R$ 689,7 milhões. A margem Ebitda subiu 2,9 pontos percentuais, para 21,7%.

O resultado atende a expectativas divulgadas anteriormente, como a de Ricardo Borges, sócio e analista de ações da SFA Investimentos, que projetava “margens ainda menores do que em 2019, em função dos investimentos que a companhia vem fazendo em tecnologia e transformação digital que julgamos necessários quando olhamos para o longo prazo”, afirmou, ao Exame IN.

O custo das vendas também subiu no período, em 39,3%. Para superá-lo, mais do que aumentar preços — em tempos de inflação elevada — o executivo afirma que a companhia investe em coleções melhores. “Tivemos um ganho muito importante em remarcações, por exemplo”, diz.

Como resultado desa estratégia, a empresa conseguiu ganhar market share, com desempenho de vendas 62% superior ao PMC de Vestuário, divulgado pelo IBGE, segundo Santos.

No período, o resultado financeiro teve um efeito favorável para a companhia. O serviço da dívida foi reduzido em mais de 90%, passando de R$ 51,3 milhões para R$ 3,5 milhões, como resultado do aumento do caixa no período e dos consequentes investimentos desse montante. A companhia tem caixa líquido atualmente, com alavancagem negativa.

Em relação ao futuro, o executivo afirma que o segundo semestre deve ser mais desafiador, mesmo com o período mais aquecido de compras. Isso porque o período atual traduz o primeiro inverno “sem pandemia”, na visão do executivo, que levou muitos consumidores a renovarem o guarda-roupa, comprando em maior escala.

O crescimento, daqui para frente, deve se assemelhar mais ao do primeiro trimestre do que ao deste, na visão de Santos. E a companhia deve continuar com foco em ganhos de market share.

Em relação à operação financeira da companhia, houve queda de 77% no resultado do trimestre. As perdas líquidas, resultado do ambiente macroeconômico mais desafiador (e da consequente inadimplência) mais do que triplicaram em relação ao mesmo período do ano passado, fechando em R$ 281,5 milhões.  No balanço, a companhia afirma que a comparabilidade fica prejudicada em função de reversões de provisões no mesmo período do ano passado.

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