São Paulo – O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não corroborou a versão descontextualizada feita pelo presidente Jair Bolsonaro sobre as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter a disseminação do novo coronavírus.
Segundo Bolsonaro, o diretor-geral da OMS falou “praticamente” que os informais “têm que trabalhar” durante a crise causada pela pandemia, na mesma linha do que ele próprio tem defendido. O argumento é que crise causada pelo confinamento será mais prejudicial do que as mortes da doença.
Mas diferentemente do que o Bolsonaro sugere, no entanto, Tedros não faz qualquer relação entre trabalho e medidas de isolamento.
Ao citar o discurso, o presidente não deu o contexto da declaração e omitiu trecho que Tedros afirma que governos de todo o mundo pecisam garantir assistência a pessoas mais vulneráveis e informar sobre a duração das medidas de restrição de movimentação das pessoas. Em suas entrevistas diárias, Tedros costuma reforçar a importância do isolamento social.
“O que eu entendi da posição da OMS é que há sim que se fazer essa consideração [econômica], mas sem abrir mão em momento nenhum da ciência”, disse Mandetta.
“O que ele fez são considerações, muito forçado pela situação da Índia, da África”, disse o ministro, destacando que a OMS não dá “receita de bolo” pois os seus membros tem características diferentes e o mesmo vale para a heterogeneidade dentro do país.
“Nós conhecemos a Rocinha, nós conhecemos Paraisópolis, nós conhecemos nossos pontos fortes e nossos pontos frágeis”, disse Mandetta.
Ele destacou que é necessário o “máximo de distanciamento social neste momento” e que não serão feitas “medidas que sejam arriscadas pro nosso povo”.