Mansueto: Brasil não chegou na armadilha de liquidez para emissão de moeda

O Brasil não chegou no ponto de uma armadilha de liquidez, com juros próximos de zero, que teoricamente poderia abrir a possibilidade de emissão de moeda pelo Banco Central, afirmou nesta terça-feira o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.

Segundo Mansueto, a fala recente do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o assunto foi “muito mais do ponto de vista teórico”.

“Ele disse ‘olha, se a gente chega numa situação de juro zero que você pode emitir sem nenhuma restrição inflacionária, as pessoas querem dinheiro, querem guardar dinheiro, numa situação como essa você pode financiar a dívida pública com emissão de moeda’”, disse Mansueto.

“Mas a gente está muito longe disso”, completou, durante transmissão ao vivo para uma consultoria política.

A declaração foi dada em meio a debates crescentes entre economistas sobre o financiamento dos gastos com a crise via compra de títulos públicos do Tesouro pelo BC –prática conhecida como impressão de dinheiro.

“Se precisar gastar mais 20, 30 bilhões (de reais) este ano porque a saúde precisa, vamos gastar. Não tem nenhum dogmatismo fiscal. Agora não vale a gente querer transformar os grandes problemas estruturais do Brasil como sendo um problema de falta de gasto público porque não é”, afirmou Mansueto.

O secretário do Tesouro destacou que não haverá dificuldade de vender títulos públicos ao mercado se os juros caírem “porque título é preço”.

“Quando os juros caem, bolsa cai, investidor olha para várias oportunidades de investimento”, afirmou ele.

“O que pode acontecer é o investidor falar que quer um preço um pouquinho maior. Mas isso tudo faz parte do processo. Eu não tenho nenhum problema de financiar a dívida pública”, frisou.

Na semana passada, Guedes havia dito que o Banco Central pode sim emitir moeda em meio à crise com o coronavírus e que um bom economista não tem dogma.

“Realmente você cair numa situação em que a inflação vai praticamente para zero, juros colapsam e existe o que a gente chama de armadilha da liquidez tecnicamente, o Banco Central pode sim emitir muito uma moeda e pode sim inclusive comprar dívida interna”, afirmou o ministro.

FOCO NA TRAJETÓRIA DA DÍVIDA

Mansueto também disse nesta terça-feira que o eventual abandono do teto de gastos exigiria um aumento da carga tributária do país, o que não seria desejável.

Ele ressaltou que em 2020 a prioridade do governo é “salvar vidas” e que a relação dívida/PIB pode fechar o ano próxima de 90%, mas afirmou que, para os investidores, o importante é a sinalização dada para a trajetória desse endividamento. Ou seja, que não haja elevação permanente das despesas.

Mansueto afirmou, ainda, que seria positivo se o país pudesse ter um aumento de investimentos públicos, mas que isso demandaria uma redução de gastos obrigatórios.

Sobre o auxílio emergencial de 600 reais, Mansueto disse que a despesa com o programa pode chegar a até 130 bilhões de reais, ou 1,8% do PIB, considerando seu prazo atual. Uma eventual extensão do auxílio, disse, deve ser discutida “de forma adulta e transparente” com o Congresso, no momento adequado e caso isso seja necessário.

INVESTIMENTOS PRIVADOS

Para o secretário do Tesouro, o país tem boas oportunidades de investimento e que poderá atrair capital externo no pós-crise se instituir marcos regulatórios adequados.

“Se haverá ou não investimento em aeroportos, rodovias, saneamento, no setor de energia, tudo depende de construírmos marcos regulatórios adequados e atrativos”, afirmou ele.

Mansueto citou que a aprovação do marco para o saneamento, em tramitação no Congresso, seria exemplo de um “bom sinal” na saída da crise.

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