Mourão sobre gastos: é preciso cuidado para não terminar pior que Dilma

O vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira, 27, que o governo federal está preocupado com a recessão econômica e o desemprego a longo prazo após a crise do novo coronavírus, mas alertou para a necessidade de se impor limites financeiros durante a pandemia.

Segundo ele, é importante que o Estado incentive a retomada por meio obras públicas, como está sendo proposto no programa Pró-Brasil desenvolvido pela Casa Civil e com pouca participação da equipe de Paulo Guedes, do Ministério da Economia, que teme a alta descontrolada dos gastos públicos.

No entanto, ele diz que se deve respeitar a sustentabilidade financeira dos cofres públicos. “Precisamos nos manter dentro do limite das nossas capacidades se não terminaremos pior que o governo Dilma”, afirmou em um webinar produzido pela consultoria Arko Advice.

O programa é sustentado na retomada de obras públicas com recursos do Tesouro Nacional, como forma de evitar uma escalada do desemprego. A principal frente de atuação está sendo desenvolvida pelo Ministério da Infraestrutura.

A equipe do ministro Tarcísio Freitas indicou 70 obras, na área de transportes, com projetos de engenharia e licenciamento ambiental em fase adiantada. O plano prevê aportes estatais de R$ 30 bilhões até 2022 e, segundo estimativas da pasta, poderia gerar de 500 mil a 1 milhão de empregos nesse período.

Ele sustentou, ainda, que o auxílio emergencial de 600 reais pode ter que continuar por mais alguns meses após a pandemia passar e disse que essa é uma forma de manter longe “uma ameaça à perturbação social”, como foram os protestos de 2013 ou a revolta popular no Chile.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro comentou que, no momento, não está prevista a ampliação do pagamento destinado aos informais que perderam renda com a crise provocada pelo novo coronavírus.

“São três parcelas de R$ 600. Não está prevista ampliação, até porque cada parcela está na casa um pouco acima de R$ 30 bilhões”, disse o presidente.

Saída de Moro

O vice-presidente criticou ainda a forma com que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro pediu demissão na última sexta-feira, 25.

“Dentro da minha cultura, a forma como Moro saiu não é a mais apropriada. Ele poderia ter solicitado sua demissão e só isso já seria um problema para o governo”, disse.

Ele fez referência ao fato do ex-juiz ter feito um pronunciamento de mais de 40 minutos para anunciar sua demissão em que disparou uma série de acusações contra o presidente Jair Bolsonaro sobre tentativas de interferência política na Polícia Federal.

Para o vice-presidente, Moro faz parte de um “papel da mitologia nacional temporária que se vive no Brasil” e, por isso, sua saída seria reverberada por si só. “Mas, vida que segue”, acrescentou.

Questionado sobre as tratativas do presidente em se aproximar do Centrão, apesar de todos os pronunciamentos anti-establishment e críticas à “velha política”, o vice-presidente avaliou que a atitude tem sido necessária.

“O final do ano passado e a situação do coronavírus obrigaram uma atitude mais ‘cerrada’ junto aos partidos políticos para que ele construa uma base e lhe dê certa estabilidade para aprovar aquilo que nós julgamos necessário”.

Desgaste com a China

Após episódios de desgaste entre Brasil e China, o vice-presidente disse que a relação entre os dois países é “inevitável”. Mourão defendeu aprofundar a parceria estratégica em áreas como agronegócio e aviação. O vice-presidente considera que a alternativa para a Embraer, que acaba de sair de um acordo frustrado com a Boeing, pode estar na China.

“Há males que vêm para o bem. Com a Embraer permanecendo no Brasil, o governo com a sua golden share, a Embraer tem uma tecnologia, tem um know-how nessa aviação de porte interna. E a China é o país que no presente momento está expandindo esse tipo de aviação”, disse.

“É o momento em que a Embraer poderá se aproximar, nós já temos penetração no mercado local com a Embraer, e isso poderá ser aprofundado. Mais uma vez esse casamento (com China) tem que avançar, porque é um casamento inevitável. Nós temos o produto e eles têm a necessidade”, avaliou o vice-presidente.

Ele destacou, no entanto, que a Embraer “seguiu todos os passos daquilo que era o acordo” com a Boeing, que alegou ter rompido o contrato porque a fabricante brasileira não teria cumprido todas as suas obrigações para executar a separação da sua linha de aviões regionais. A Embraer, por sua vez, acusa a Boeing de ter rescindido o contrato indevidamente e exige compensação dos americanos.

Sobre a relação com a China, Mourão disse, ainda, que “não resta a mínima dúvida” de que o Brasil tem que “aproveitar o momento e estar nesse casamento com a China”. “É algo que aconteceu, não foi provocado. É algo que veio naturalmente. Eu vejo dessa forma”, disse sobre a relação entre os países.

Para o vice-presidente, a China tem uma visão pragmática de suas necessidades e é a grande compradora da nossa produção agrícola. “Não adianta querer ver de outra maneira”, frisou.

Com 1,4 bilhão de habitantes, Mourão destacou que o país asiático “não pode se dar ao luxo de ter insegurança social”, o que inclui ter comida suficiente para toda a população. “E quem pode colocar comida na mesa dos chineses? É o Brasil”, afirmou Mourão.

Assista:

(Com informações do Estadão Conteúdo)

 


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