Negócios de impacto: como resolver problemas reais de forma inovadora

Por Alline Goulart*

O conceito de negócio de impacto está longe de ter encontrado um consenso em seu significado. Para algumas pessoas, negócios de impacto têm a intenção de resolver um problema socioambiental e devem reinvestir todo o valor faturado no próprio negócio para, assim, aumentar o impacto.

Há, ainda, quem diz que negócios de impacto podem e devem distribuir o lucro entre seus investidores para que haja mais pessoas investindo e, como consequência, aumentar o impacto do negócio. Afinal, como entender o que são negócios de impacto?

O que são negócios de impacto?

A definição de negócios de impacto não é restrita a somente um grupo. Em outras palavras, temos um conceito em disputa. Para nós da Semente, negócios de impacto são aqueles que procuram resolver problemas reais com a intenção de causar impacto positivo nas camadas socioambientais da sociedade e, com isso, gerar valor compartilhado.

Os negócios de impacto atuam na solução para as mazelas sociais, criando por vezes produtos, serviços ou formas de operação inovadores. Do mesmo modo, eles tomam um caminho rumo à transformação social e à valorização da vida, pois não têm somente o lucro como propósito e como mecanismo para se fazerem atuantes.

Há um fator intencional de melhoria das dinâmicas sociais intrínsecas em negócios dessa natureza. Para a Semente, os negócios podem e devem promover prosperidade aos indivíduos, com ampliação do bem estar econômico, social e político. Por fim, outra preocupação que também funciona como critério para definir negócios de impacto diz do compromisso com o monitoramento dos resultados gerados.

Tais características constituem o DNA dos negócios de impacto, podendo assumir formas distintas, como uma empresa, associações, cooperativas ou fundações.

Quais são as características de um negócio de impacto?

A questão da intencionalidade nos negócios de impacto e como isso se relaciona com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 das Organizações das Nações Unidas (ONU) são os primeiros pontos. Da mesma forma, outra questão fundamental se relaciona com o lucro.

Muitas pessoas podem imaginar que intencionalidade é sinônimo de intenção ou que são coisas iguais. Não necessariamente. Este é, digamos, o primeiro passo. Do mesmo modo, é de extrema importância que esta intenção esteja introjetada no core business do negócio. Isso significa, em outras palavras, ter a intenção genuína de querer resolver um problema real, o que ditará as relações entre lucro e intenção.

Já para falarmos sobre a relação entre lucro e intenção, precisamos retornar ao fundamento dos termos negócio social e negócio de impacto e suas diferenças no ocidente e no oriente. O termo Negócio Social surgiu na década de 1970, com o economista e banqueiro bengali Muhammad Yunus, criador do Grameen Bank.

Posteriormente, o modelo foi apropriado no ocidente por meio dos estadunidenses Stuart Hart e Michael Chu, que redefiniram o conceito. Ao ser introduzido à linguagem corporativa no ocidente, o termo negócio de impacto social perde o radical “social”. Isso se dá, pois, deste lado do globo, consideramos que essa característica já está implícita no que se entende por negócios de impacto.

Hoje em dia, o termo que mais se aproxima ao conceito de negócio social, como inicialmente foi pensado por Yunus, é “negócio de impacto”, porque contempla uma preocupação real com o social e o investimento nas suas causas. Nessa seara, estão inseridas diversas complexidades próprias dos negócios de impacto, como a já mencionada questão da intencionalidade e sua relação com o lucro.

Elementos essenciais para um negócio de impacto. Podemos elencar três pontos fundamentais:

1) Ter explícito a intencionalidade

2) Entender os processos e onde o seu negócio se encaixa dentro dos ODS

3) Delinear um objetivo, com indicadores de crescimento e métricas bem estruturadas.

Como a inovação se alia a negócios de impacto?

Quando falamos de negócio e de empreender aqui na Semente, nos referimos diretamente a algo ligado à inovação, o que para nós significa resolver um problema real, de forma economicamente sustentável, em cenários de altos níveis de incerteza para gerar impacto positivo. O conceito está atrelado também a desbravar mercados a partir de ações consistentes, a fim de captar e entregar valor.

A Semente trabalha para a evolução de ecossistemas prósperos. Ou seja, de ambientes onde diferentes atores entendem a inovação como força motora para o desenvolvimento social e econômico, alavancando o empreendedorismo como instrumento de mudanças socioambientais.

*Alline Goulart é sócia e diretora de operações da Semente Negócios

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

 

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