“O mercado está otimista, mas teremos muitas bolhas”, diz Rubenstein

Um dos fundadores da gestora de private equity Carlyle, que tem mais de 200 bilhões de dólares sob gestão, David Rubenstein diz que os mercados estão excessivamente otimistas, à frente do que deveriam estar. “As bolsas antecipam muito as coisas, mas acho que a economia não vai voltar correndo”, afirma o executivo de 70 anos, em live realizada pelo BTG Pactual, nesta segunda-feira.

“Em geral, leva de três a quatro anos para a economia voltar ao ponto que estava antes de uma crise. Só que as bolsas nos Estados Unidos já voltaram ao mesmo patamar de antes da pandemia do novo coronavírus”, compara. Para o especialista, a recessão será profunda, mesmo que as pessoas queiram voltar a trabalhar. “As empresas não sabem se ao abrir novamente vão precisar recontratar todos funcionários, talvez as vendas serão mais lentas.” Esse cenário implicaria em aumento do desemprego.

É por isso que, em algum momento, Rubenstein acredita que haverá bolhas principalmente em mercados emergentes. Isso porque as taxas de juros no mundo estão baixas, e os Estados Unidos continua imprimindo dinheiro. Esse excesso de dólares acaba tendo um efeito no médio prazo.

Para além do cisne negro – evento não previsto – da pandemia de covid-19, houve uma queda expressiva do valor do petróleo. “A demanda pelo petróleo já vinha caindo pelo uso de fontes renováveis de energia. Isso, aliado ao fato de que as pessoas perceberam que não precisam viajar tanto, por exemplo, faz com que eu ache que o barril dificilmente voltará a ser negociado a 140 dólares.”

Rubenstein acredita que o presidente americano, Donald Trump, vai culpar a China por várias questões, inclusive, pela eclosão da pandemia até as eleições. “Depois das eleições, é possível que os países cheguem a um acordo.”

Fora dos Estados Unidos, o maior lugar para se investir é na China, segundo o executivo. “Acho que nos próximos dez anos a China poderá ser o maior mercado e os Estados Unidos ficarão em segundo lugar. Depois, pode ser que a Índia ultrapasse os Estados Unidos.”

“Fiquei surpreso com o tamanho das manifestações, mas feliz. O problema é que mudanças sociais não ocorrem da noite para o dia. O que percebo de avanço é que as empresas estão mais engajadas para mudar.” “Capitalismo de stakeholders é que você gere a empresa para fornecedores, clientes, funcionários e tem uma responsabilidade para além dos lucros. Isso fará parte dos nossos objetivos empresariais e todos vão exigir isso de nós.”

Para o executivo, private equity vai continuar bastante interessante apesar de talvez não ter taxas tão atrativas. A indústria continuará a crescer na América Latina. “Uma vez que passe a crise, os fundos devem voltar aos patamares anteriores.”

Filantropia

Rubenstein diz que, quando jovem, deu muita sorte no mundo dos negócios e ele quis devolver o dinheiro à sociedade. “Me inspirei em Warren Buffett e Bill Gates que foram os primeiros. Todo mundo gosta de sucesso, mas o maior prazer não vem de casas e obras de arte e, sim, em ajudar pessoas menos favorecidas com bolsas. Então, pergunto a todos: o que você pode fazer pelos menos favorecidos?”


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