O plano de Tereza Cristina para evitar falta de carne no mercado

Maior exportador de carne bovina e de frango, o Brasil aposta em novos padrões de segurança para evitar o tipo de paralisia devido ao coronavírus que afetou frigoríficos nos EUA, causando escassez de carne e alta de preços.

O governo brasileiro planeja introduzir novas diretrizes nacionais que incorporem requerimentos de autoridades locais e procuradores do Trabalho, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina Dias, em entrevista. Até agora, o setor tem operado sob protocolos estabelecidos com o governo federal.

Os surtos de Covid-19 nos frigoríficos dos EUA levaram a uma onda de fechamentos que fez mais do que dobrar os preços de carne suína e bovina no país em abril.

Embora a indústria brasileira tenha evitado grandes interrupções até agora, procuradores e autoridades locais determinaram o fechamento de várias plantas por medida de segurança. Na segunda-feira, a Marfrig disse que 25 trabalhadores em uma unidade no Mato Grosso foram diagnosticados com Covid-19 e pelo menos um deles morreu.

Manter o setor de frigoríficos em operação é prioridade da ministra Tereza Cristina. Uma ruptura na cadeia de suprimentos afetaria consumidores brasileiros no momento em que o país se torna um epicentro da pandemia. Uma queda na produção também atingiria mercados globais de aves e carne bovina.

“O pior dos mundos é ter algum desabastecimento”, disse ela. Mas isso é improvável, “a não ser que a gente perca totalmente o controle do país”.

Frigoríficos como JBS, BRF e Marfrig passaram a distribuir máscaras para trabalhadores, intensificar a desinfecção, instalar barreiras físicas entre funcionários, limitar grupos nas áreas comuns e, em alguns casos, contratar pessoas para compensar ausências.

Algumas empresas assinaram acordos com procuradores que incluem compromissos de testar os trabalhadores para o coronavirus. Outras, incluindo a JBS, se recusaram a assinar tais acordos. Um único protocolo nacional estabeleceria as mesmas diretrizes para todos os produtores.

Outro risco é a segurança dos cerca de 800 inspetores em ação pelo país. “Se não tiver os fiscais, as plantas têm de fechar, porque a parte de vigilância sanitária e inspeção é fundamental para a saúde pública”, afirmou a ministra.

O Brasil será menos afetado pelas restrições à circulação de pessoas e insumos por causa da pandemia, prevê a ministra. Isso se deve ao fato de o agronegócio brasileiro trabalhar com duas ou até três safras, enquanto produtores do hemisfério norte, como os EUA, têm apenas uma, diz Tereza.

Além disso, o gado no Brasil é engordado em extensas pastagens, exigindo um número maior de frigoríficos menores próximos a fazendas.

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