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Otimismo com safra de IPOs pode dar lugar à seletividade dos investidores

São Paulo – Nos últimos 17 dias, quatro companhias fizeram sua estreia na bolsa brasileira. São empresas não tão conhecidas do público, mas que tiveram enorme demanda por parte dos investidores. São elas, na ordem de estreia: a construtora Mitre, a companhia de hospedagem de sites Locaweb, a construtora Moura Dubeux e, nesta segunda-feira (17), a companhia de serviços industriais Priner, cujos papéis subiam quase 37% por volta das 12h. O número de ofertas iniciais de ações (IPO) já representa 67% do total de estreias em 2019.

Não à toa, o bom momento de mercado tem atraído outras companhias. Estão na fila outras sete empresas, que aguardam o aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para entrar no seleto grupo de capital aberto. São empresas de serviços e logistica, como a Linha Amarela e a Via Paulista, a de tecnologia Allied, a construtora Canopus, o Banco BV (antigo Votorantim) e a varejista Lojas Quero-Quero. A próxima a pedir o registro ao xerife de mercado pode ser a petshop Petz. De acordo com levantamento do banco Santander, devem estrear na B3 cerca de 20 companhias neste ano.

Essa safra de IPOs é, em parte, reflexo da avidez dos investidores por opções em renda variável. Com a taxa de juros básica do país em 4,25%, menor patamar da história, pessoas físicas e gestores estão aceitando tomar mais risco em nome de melhores retornos, reduzindo portanto sua exposição a investimentos de renda fixa. Sabendo disso, as empresas estão aproveitando a janela de mercado. O número de IPOs também tem a ver com melhores perspectivas econômicas para o país — fator que pode ser revisto em função do coronavírus.

Especialistas consultados por EXAME apontam que esse otimismo com as ações estreantes, em algum momento, poderá dar lugar à seletividade por parte dos investidores. “A euforia vai acontecer até que haja uma saturação. Mas a tendência ainda segue positiva, já que relativamente poucas empresas abriram capital até agora”, afirma Adriano Cantreva, sócio da gestora Portofino Investimentos. “Quanto mais IPO tiver, mais o pessoal vai ficando seletivo. O IPO do banco BMG, por exemplo, foi um desastre”, afirma Bruce Barbosa, analista da casa de análise Nord.

Segundo Cantreva, a performance das estreantes vai depender de empresa para empresa. De fato, no dia da estreia, a Mitre subiu quase 8% e de lá para cá acumula perda de 1,66%. A Locaweb, por sua vez, registra alta de 29,86%.

Priner

A Priner foi criada em 2013, como uma divisão de serviços industriais da empresa de engenharia Mills. A nova empresa foi vendida para fundo da gestora Leblon Equities. Em janeiro de 2017, a Priner adquiriu participação de 51% na R&R Indústria, Comércio e Instalação de Isolantes Removíveis e Reutilizáveis, fabricante de isolantes térmicos, acústicos e contra fogo, e 75% da Smartcoat Engenharia em Revestimento, que presta serviços de pintura industrial e engenharia em revestimento. A Priner vai utilizar os recursos do IPO, cerca de 174 milhões de reais, para adquirir a totalidade do capital das duas controladas e comprar equipamentos.

De acordo com pesquisa da Sclumberger Consulting de 2011, em relatório da Suno, os serviços prestados pela Priner correspondem a cerca de 70% das despesas de manutenção industrial dos seus clientes. O tamanho estimado deste mercado no Brasil é de 8 bilhões de reais por ano.

Para Cesar Crivelli, analista da Nord, considerando o bom histórico de execução e que a retomada econômica deve realmente destravar investimentos importantes nos setores em que a Priner presta serviços, há possibilidade de a companhia surpreender positivamente o mercado durante o ano de 2020.

Rodrigo Wainberg, analista da Suno Research, está menos otimista. “Por ser um negócio intensivo em mão de obra e em capital fixo, além das margens dependerem indiretamente do câmbio e do preço do aço e do alumínio, acreditamos que seja muito difícil conquistar um ROIC (retorno sobre o capital investido) elevado no longo prazo. Nos parece que a principal vantagem competitiva da companhia é o seu quadro de funcionários, exatamente a linha principal de despesas”, escreveu em relatório.

Os analistas também destacam a proximidade da Priner com os setores petroquímico e de óleo e gás, que correspondem a 34% e de 42% da receita, respectivamente. Crivelli vê isso como positivo. “A retomada de investimentos em plantas industriais, bem como na área de Óleo e Gás, deve abrir novas oportunidades de negócio para a companhia”, escreveu. Bruce, no entanto, alerta que a desvalorização do petróleo pode afetar o desempenho da empresa. “A Priner não afirmou, mas tudo indica que a Petrobras seja a principal cliente. Se o petróleo cair muito, a Petrobras vai acabar investindo menos, o que tende a ser negativo”, disse.

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