Pazuello diz que respondeu a Pfizer ‘inúmeras vezes’ sobre vacinas

Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira, 19, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, negou que o governo tenha ignorado ofertas de vacinas contra a covid-19 da Pfizer. Segundo ele, as conversas com a farmacêutica começaram entre abril e maio de 2020, mas não avançaram porque havia “cláusulas assustadoras” para assinatura do contrato.

“Nós respondemos a Pfizer inúmeras vezes. Nunca fechamos a porta”, disse Pazuello. A fala vai de encontro com o que disse Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil, em depoimento à CPI. O executivo afirmou que o governo brasileiro rejeitou ou ignorou ofertas de vacinas contra a covid-19 seis vezes. Duas das propostas iniciais, em agosto de 2020, previam entrega de 1,5 milhão de doses já no ano passado.

Pazuello contou que as conversas com a Pfizer começaram entre abril e maio do ano passado, mas esbarraram em condições difíceis para o fechamento do contrato. A primeira proposta, em agosto, feita via memorando de entendimento, previa 1,5 milhão de doses em 2020, sem data certa para entrega. O restante de 70 milhões de doses chegaria ao Brasil em 2021 — seriam 18,5 milhões no primeiro semestre e o que faltasse, no último semestre. 

O ex-ministro confirmou a proposta, mas ressaltou que, à época, as quantidades não eram tão atraentes. O governo negociava com Oxford uma encomenda que chegaria a 200 milhões de doses em 2021 e a adesão ao consórcio Covax Facility, que previa mais 42 milhões de doses neste ano. “E a Pfizer nos colocando no primeiro semestre 18 milhões de doses e cláusulas complicadíssimas”, pontuou.

O memorando da Pfizer trazia cinco cláusulas que, nas palavras de Pazuello, eram “assustadoras”. Elas previam, por exemplo, inclusão de ativos brasileiros no exterior, isenção completa da responsabilidade por eventuais efeitos colaterais pela fabricante, além da transferência do foro para julgamento de ações relacionadas à vacina em Nova Iorque.

“Estamos falando do pagamento adiantado, da assinatura do presidente da República em contrato, coisa que não existe na nossa legislação, e de não existir multa contra atrasos de entrega”, acrescentou Pazuello. “Talvez todos nós hoje possamos ouvir com grau de normalidade, mas, na primeira vez que ouvi isso, achei muito estranho”, afirmou.



Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Brasil, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu