A crise envolvendo a Petrobras (PETR3, PETR4) acaba de ganhar novos capítulos na noite desta terça-feira, 2. Quatro conselheiros informaram que não pretendem ser reconduzidos ao colegiado na próxima Assembleia Geral Extraordinária (AGE). São eles João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha Sobrinho. Os quatro são conselheiros indicados pela União como acionista controladora.
No último dia 19 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a decisão de demitir o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, indicando para o cargo o general Joaquim Silva e Luna. A mudança causou forte crise de confiança de investidores na companhia por causa da forma intempestiva como foi anunciada e porque a gestão de Castello Branco resultou na melhoria de indicadores operacionais e financeiros.
As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) acumulam desvalorização de 25% desde a véspera do anúncio de troca do comando.
Bolsonaro decidiu fazer a troca por causa de uma insatisfação com a política de preços de combustíveis da estatal, que em tese deve acompanhar as cotações do petróleo no mercado internacional.
Para alguns analistas, a permanência de um conselho de administração independente e de caráter técnico, além de toda a diretoria, permitiriam preservar o trabalho feito nos últimos dois anos e assegurar em parte uma nova gestão igualmente pautada em resultados, e não em evitar desagradar caminhoneiros ou parte da população.
A saída de quatro conselheiros de uma vez deve reacender temores de investidores em relação ao futuro da companhia, especialmente enquanto os nomes e os perfis dos substitutos não forem conhecidos.
Em fato relevante ao mercado, a companhia informa que Cox Neto e Ziviani alegaram razões pessoais para a decisão.
Já Souza e Silva declarou que, em razão, de seu mandato ser “interrompido inesperadamente, peço, por favor, para não ser reconduzido ao conselho de administração na próxima assembleia”. Ele ressaltou o “excelente trabalho” desenvolvido pela diretoria e por funcionários e elogiou também o presidente do colegiado, Eduardo Leal.
Já a mensagem de Omar Carneiro da Cunha revela insatisfação com a decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro, de promover uma troca no comando da estatal.
“Em virtude dos recentes acontecimentos relacionados às alterações na alta administração da Petrobras, e os posicionamentos externados pelo representante maior do acionista controlador da mesma, não me sinto na posição de aceitar a recondução de meu nome como conselheiro desta renomada empresa, na qual tive o privilégio de servir nos últimos sete meses”, diz Cunha.
Ele faz muitos elogios a Castello Branco e o atual conselho, que “se manteve aderente às estratégias devidamente aprovadas e seguindo os mais altos níveis de governança e de conformidade com os estatutos da empresa, e aos mais altos padrões de gestão empresarial”.
“A mudança proposta pelo acionista majoritário, embora amparada nos preceitos societários, não se coaduna com as melhores práticas de gestão, nas quais procuro guiar minha trajetória profissional”, afirma o conselheiro.
A Petrobras lembra no fato relevante que a recondução dos conselheiros havia sido proposta pela União e que eventuais substitutos indicados pelo governo serão submetidos ao Comitê de Pessoas da estatal.