Petroleiras podem sofrer impacto de US$ 40 bilhões com coronavírus

Efeitos da epidemia não devem se restringir às regiões mais afetadas, o que coloca a Petrobras no eixo da crise

As empresas de commodities têm sido fortemente impactadas pelo coronavírus. No caso das petroleiras, os efeitos são imediatos: a cotação do Brent recuou quase 10 dólares o barril na última semana, para 50 dólares, e os reflexos da crise global vão incidir nos balanços das empresas no primeiro trimestre. Segundo estimativa da consultoria Wood Mackenzie, o impacto no fluxo de caixa das petroleiras deve ser de 40 bilhões de dólares no período.

“Isso pode fazer a diferença no aumento da distribuição de proventos aos acionistas ou mesmo no fluxo de caixa negativo para o exercício”, disse Fraser McKay, chefe global de análise de upstream da consultoria.

O maior receio do setor de petróleo e gás em relação à epidemia é o seu impacto na demanda e nos preços, já que apenas uma pequena proporção da oferta global vem de regiões mais afetadas.

Neste cenário, nem a Petrobras deve escapar dos reflexos do coronavírus. “O Brasil comercializa petróleo usando o Brent como índice de referência, então o fluxo de caixa da Petrobras também será impactado”, afirma Marcelo de Assis, chefe de pesquisa da Wood Mackenzie América Latina na área de upstream.

Embora todos os sinais apontem para reduções nas margens da companhia, executivos minimizaram os efeitos do coronavírus. “Janeiro foi um mês recorde de exportações. Em fevereiro, não vemos nenhuma queda significativa dos volumes”, disse Roberto Ardenghy, diretor de relacionamento institucional da companhia, em coletiva de imprensa na semana passada.

Nesta quarta-feira, 26, as ações preferenciais da Petrobras na B3 despencaram 10%. Em termos absolutos, a companhia teve a maior queda em valor de mercado no dia, com perda de 39,3 bilhões de reais. Por volta das 12 horas desta quinta-feira, 27, os papéis caíam 4,20%.

Cadeia global

Com a crise que se instalou no mercado global, há uma grande preocupação em torno do fornecimento de insumos para a cadeia de óleo e gás.

O impacto da epidemia não deve se restringir ao curto prazo. De acordo com a Wood Mackenzie, projetos na área de petróleo e gás, que estão em construção, também podem sentir os efeitos da crise do coronavírus, com um impacto na produção em meados de 2022. “Se o controle da doença piorar, os efeitos multiplicam-se rapidamente”, destaca.

Em um cenário de avanço acelerado da epidemia, o impacto na oferta rapidamente se tornaria mais grave. “Os atrasos nos projetos seriam mais longos e o aperto adicional dos estoques teria efeitos de custo globalmente”, destaca McKay.

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