Por causa de coronavírus, mercado financeiro aposta em Selic a 4%

São Paulo — Com o aumento no número de casos de coronavírus no Brasil de 100 para 200 no fim de semana, o mercado financeiro prevê uma redução menos acentuada no ciclo de quedas na taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 4,25%.

Grande parte dos analistas aposta em um corte de 0,25%, mas há quem acredite que a redução pode chegar a até um ponto percentual. O Comitê de Política Monetária (Copom) tem reunião marcada para esta terça-feira, 17, e quarta, 18, quando será divulgada a decisão do órgão.

O Goldman Sachs mantém a cautela e projeta corte de 0,25% da Selic. “O Brasil enfrenta um intenso choque negativo doméstico e externo à atividade real. Já existem mais de 150 casos confirmados de Covid-19 no país, o que está levando ao aumento das medidas voluntárias e obrigatórias de distanciamento social”, afirma relatório desta segunda-feira, 16.

A Guide Investimentos divulgou relatório nesta segunda em que acredita que o ciclo de cortes da Selic seja de 0,25%.

O Itaú Unibanco também aposta em 0,25% no corte da Selic, com o cenário do coronavírus. “Entendemos que, em termos líquidos, os desenvolvimentos das últimas semanas, a evolução do balanço de riscos e das perspectivas para a inflação, permitem uma cautelosa flexibilização adicional da política monetária, com dois cortes de 0,25 p.p. na Selic, que chegará a 3,75% a.a. na reunião de maio do Copom”, diz o relatório divulgado na sexta-feira, 13.

Corte de até 1%

Apesar da aposta em um corte menos acentuado, há especialistas mais otimistas em relação à queda da Selic e ainda esperam que ela será feita de forma extraordinária ainda nesta segunda-feira, 16.

Na expectativa de uma redução mais acentuada está o UBS. “Acreditamos que essas medidas justifiquem uma ação mais agressiva e preventiva do Banco Central. Prevemos agora um corte imediato na taxa de 100 pontos base, levando a Selic a 3,25%”, afirmaram os economistas do banco, Tony Volpon e Fabio Ramos em relatório enviado a clientes. 

O banco surpreendeu ao pedir que o BC adote uma postura mais agressiva e que o anúncio seja feito de forma extraordinária ainda nesta segunda, 16.

O economista-sênior da XP Investimentos, Marcos Ross, prevê que o Banco Central fará uma redução de meio ponto percentual, e vai ainda anunciar mais medidas de estímulo à economia. Além disso, ele espera que haverá uma maior intervenção no mercado de câmbio. 

Mantemos nossa visão que o BC, ao longo da semana ou na segunda, anunciará um corte de 0,50 ponto percentual junto com outras medidas de estímulo“, diz Ross.

No relatório divulgado no domingo, 15, a XP mudou também a projeção da Selic para 2020. “Mudamos nosso entendimento a respeito do corte total na Selic ao longo de 2020: de 3,50% para 2,75%“.

Corte no FED, pressão no BCB

Para enfrentar a crise causada pelo coronavírus, muitos países estão adotando medidas de estímulo à economia. No domingo, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou corte na taxa básica de juros que agora fica entre zero e 0,25%.

Na avaliação do economia André Perfeito, isso pressiona o Banco Central do Brasil. “Sobre os juros no Brasil, sem dúvida o corte hoje do FED joga mais pressão sobre o BCB e a reunião do Copom essa semana. A Autoridade Monetária brasileira terá que se pronunciar se deseja ou cortar os juros para dar suporte ao preço dos ativos, ou bem se deseja controlar o câmbio”, avalia.

Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Economia, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu