Por que este futurista recomenda que você não invista no Facebook

Rio de Janeiro – Se você tem dinheiro aplicado no Facebook, desinvista.

O conselho foi dado pelo futurista alemão Gerd Leonhard nesta quinta-feira (13) na Convergence Capital Conference, evento sobre alinhar investimentos com impacto positivo ambiental e social.

Ele menciona a ascensão do techlash, uma crise de desconfiança e reação ao lado obscuro por trás da fachada atraente de empresas como Amazon, Apple e Google.

As preocupações incluem violações de privacidade, vigilância, mineração de dados, evasão de impostos, problemas de vieses, manipulação, desumanização e vício. “A tecnologia virou nossa religião e nossa droga”, diz Gerd.

A mudança aparece no mercado financeiro: as participação das grandes empresas de tecnologia no índice Dow Jones foi de 3% em 1970 para 17% em 2019.

No livro “Tecnologia versus Humanidade”, publicado em 2016, Gerd já mencionava alguns dos dilemas éticos das companhias tecnológicas que se seguiam a esta expansão.

No caso do Facebook, o marco do desgaste foi o escândalo da Cambridge Analytica, uma empresa que agregou dados de usuários sem seu consentimento para uso em propaganda política focada.

A revelação em março de 2018 do seu uso nas campanhas surpreendentemente vitoriosas de Donald Trump nos Estados Unidos e do Brexit, saída do Reino Unido da União Europeia, levou o Facebook a perder US$ 37 bilhões em valor de mercado em um único dia.

O fundador e presidente Mark Zuckerberg foi convocado para depoimento no Congresso e o fortalecimento da regulação virou tema de campanha entre os pré-candidatos democratas.

Gerd critica o Facebook por se defender adaptando o discurso da indústria armamentista, de “não são as armas que matam, são as pessoas” para “não é o Facebook que gera desinformação, são as pessoas”.

As grandes empresas de tecnologia também estão ligadas ao fenômeno de alta da desigualdade, que seriam, junto com as mudanças climáticas, os grandes tema da atualidade.

Não por acaso, o futurista também prevê que e investir em óleo, gás e carvão se tornará indefensável com o tempo e que haverá boicotes na área e impostos de carbono.

Isso apesar da petrolífera saudita Aramco ter realizado recentemente a maior oferta pública inicial de ações da história. Para Gerd, foi “último esforço desesperado para monetizar o big oil“.

Na outra direção, estaria a decisão da BlackRock, que maneja fundos de US$ 7 trilhões (cerca de três PIBs brasileiros), de tirar do portfólio empresas que têm mais de um quarto da sua receita da produção de carvão.

Apesar da gestora, as mudanças fazem parte do fenômeno de transição do paradigma de shareholder capitalism (o capitalismo do acionista) para a de stakeholder capitalism (o capitalismo das partes interessadas), que abrange todos os afetados.

A noção foi o tema do Fórum Econômico Mundial deste ano e apareceu no comunicado de agosto de 2019 da Business Roundtable. A organização, que reúne 181 presidentes de grandes empresas, abandonou a noção de prevalência do acionista pela primeira vez desde 1997.

“Isso é só pose corporativa? Pode ser, mas é uma mensagem forte para o acionista”, diz Gerd.

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