Precatórios de R$ 90 bi e Bolsa Família a R$ 400 elevam pressão fiscal

A previsão de déficit de 170,47 bilhões de reais nas contas do governo central em 2022 pode ficar ainda maior com as propostas de pagamento de precatórios e de aumento no valor do Bolsa Família. Na visão de especialistas, as duas ideias, que ganharam força nesta semana, podem estourar o teto de gastos do governo federal.

Só que para incluir qualquer valor que aumente o rombo nas contas é necessário o aval do Congresso. O governo ainda conversa com parlamentares para avaliar qual o tamanho do desgaste político de tentar passar um tema como esse.

Ainda em debate dentro do Executivo, o pagamento de precatórios da União chega a 90 bilhões de reais em 2022. Neste ano, o valor foi de 55 bilhões de reais para pagar ações que o governo federal perdeu na Justiça e que não cabe mais recurso.

“Desde que o teto de gastos foi implementado, no governo Michel Temer, sempre aparece uma brecha para estourar. Agora, em contexto de uma campanha que está na rua, há um motivo. Só que não houve uma conversa com o mínimo de informação e não tem proposta. Vão fazer uma ‘gambiarra’ para pagar parcelado”, diz o cientista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa.

Nesta quarta-feira, 4, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que é “impossível” o governo pagar os 90 bilhões em precatórios e defendeu o parcelamento.

“Não há possibilidade, não tem condição alguma de se pagar 90 bilhões de reais no próximo ano de precatórios. Seria consumir todo o recurso discricionário de investimento do país para pagamento de precatórios de uma vez só”, disse o parlamentar no período da manhã, em entrevista ao programa Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes.

A ideia de dividir os pagamentos, também defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, seria aprovada por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). O grande problema é que desta maneira são necessários dois terços dos votos para conseguir uma aprovação.

Para o professor de economia e finanças da FGV/EAESP, Nelson Marconi, atualmente a legislação não permite o parcelamento dos precatórios. “O governo pode tentar até fazer isso em uma PEC. Hoje não pode fazer essa postergação porque na prática está fazendo um empréstimo. Do ponto de vista prático, estão dando um calote”, afirma.



Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Economia, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu