Reajuste salarial perde para inflação em quase 70% dos acordos fechados em setembro

Quase sete em dez negociações de reajuste salarial concluídas em setembro terminaram com correção menor do que a inflação dos 12 meses anteriores.

Foi o pior resultado do último ano, segundo o Salariômetro, boletim da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) sobre os acordos registrados no Ministério do Trabalho e Previdência.

Os acertos entre trabalhadores e empresas que terminaram com o encolhimento dos salários representam 67% do total negociado em setembro. Sem compensar pelo menos a inflação do ano anterior, a remuneração encolhe.

Ainda que não haja uma redução no valor nominal -aquilo que cai na conta do trabalhador-, o mesmo salário perde o poder de compra. Em média, os rendimentos negociados em maio ficaram 1,9% menores.

Somente 9,5% das negociações terminaram em ganho real aos trabalhadores. Ou seja, tiveram reajustes superiores à inflação acumulada e, com isso, conseguiram um aumento salarial. Outros 23,5% tiveram apenas o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), de 10,4% no acumulado dos 12 meses.

O índice de inflação calculado pelo IBGE é utilizado como padrão na maioria das negociações de reajuste. Ele apura o impacto da variação de preços para famílias com renda entre um e cinco salários mínimos. O IPCA, considerado a inflação oficial, faz a mesma média, mas entre os que ganham até 40 salários.

Em média, as categorias que negociaram reajustes salariais neste ano conseguiram correção de 6%. Essa variação ficou em 7,3% em setembro, percentual inferior à alta dos preços. Segundo o Salariômetro, o piso médio do salário ficou em R$ 1.396 no mês passado, abaixo dos R$ 1.411 dos últimos 12 meses.

O coordenador do Salariômetro, Hélio Zylberstajn, afirmou, no fim do ano passado, que 2021 seria um período difícil para as negociações salariais diante da escalada da inflação.

A recuperação econômica ainda tímida também cria condições mais desfavoráveis às negociações. O Salariômetro de setembro registra que, além de salários menores, os trabalhadores estão recebendo menos em seus benefícios de alimentação. Esses estão valendo menos, e não somente porque não repuseram a inflação.

Em janeiro de 2014, o vale-alimentação ficava entre R$ 382 e R$ 480 -a diferença existe porque as convenções coletivas costumavam chegar a valores superiores do que os fechados nos acordos. Neste ano, o benefício chegou a R$ 253 em julho, último dado disponível no sistema do governo.

No vale-refeição, o valor médio do benefício foi nivelado pelo mínimo. Há pouco mais de seis anos, ele chegava a R$ 34 por dia nas convenções, e ficava em R$ 22 nos acordos coletivos. Agora, está em R$ 23.

Segundo o Dieese (Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), de todos os acordos e convenções registrados no sistema do Ministério do Trabalho e Previdência desde janeiro, apenas 18,2% tiveram cláusulas que resultaram em aumento de salário aos trabalhadores.

Outros 33,2% previam somente a reposição da inflação do ano anterior. A maioria, 48,5%, terminou com perda do poder de compra, ou seja, com índice de reajuste que não compensam nem mesmo a depreciação da moeda.

A análise do Dieese aponta o setor de serviços como aquele com o maior volume de acordos com índice menores do que o INPC –foram 61,2%- desde o início do ano. Na indústria, foram 35,7%, e no comércio, 32,1%.

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