Regina Duarte confirma que está “noivando” com Secretaria da Cultura

São Paulo – A atriz Regina Duarte estará em Brasília na próxima quarta-feira para “conhecer” a secretaria especial da Cultura.

Convidada pelo presidente Jair Bolsonaro há três dias, ela diz agora que “está noivando” com o cargo, atualmente sob condução do interino José Paulo Martins.

Ele assumiu com a demissão de Roberto Alvim, na última sexta-feira (17), que usou trechos do líder nazista Joseph Goebbels em vídeo da pasta.

“Após conversa produtiva com o presidente Jair Bolsonaro, Regina Duarte estará em Brasília na próxima quarta-feira, 22, para conhecer a Secretaria Nacional de Cultura do governo federal. “Estamos noivando”, disse a artista após o encontro ocorrido nesta tarde no Rio de Janeiro”, diz a nota oficial do Planalto.

No Twitter, Bolsonaro afirmou que ele e a atriz tiveram uma “excelente conversa sobre o futuro da cultura no Brasil

O Ministério da Cultura foi extinto no ano passado. Inicialmente a secretaria da Cultura ficou vinculada ao novo Ministério da Cidadania, mas em novembro do ano passado foi transferida para o Ministério do Turismo.

O convite à atriz foi feito na última sexta-feira (17). À Rádio Jovem Pan, Regina Duarte disse que não estava preparada para assumir a vaga e contou que pediu dois dias para pensar. Nesta segunda-feira, Bolsonaro se reuniu com a artista no Rio de Janeiro.

O encontro não estava na agenda oficial do presidente. Bolsonaro está no Rio de Janeiro para encontros marcados o com o prefeito do Rio, Marcelo Crivela, e com o almirante da Marinha, Ilques Barbosa.

Mais cedo, nas redes sociais, a artista disse que o dia seria importante porque ela tinha sido chamada para uma conversa “olho no olho” com Bolsonaro.

A postagem também faz referência ao dia São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, celebrado nesta segunda-feira. Embora a homenagem seja à São Sebastião, a atriz publicou uma foto de Santo Expedito.

Lealdade

Regina Duarte demonstrou apoio à Bolsonaro em 2018, durante a corrida eleitoral, quando postou uma foto nas redes sociais com o então presidenciável. Apesar da atriz já ter se colocado no campo da direita desde as manifestações pelo impeachment de Dilma, o apoio chamou a atenção.

A candidatura de Bolsonaro teve pouca adesão da classe artística, um dos alvos preferidos do presidente e dos seus apoiadores.

Sobre as declarações homofóbicas e racistas de Bolsonaro, Regina Duarte disse ao Estadão que eram expressão de um “humor brincalhão típico dos anos 1950, que faz brincadeiras homofóbicas, mas que são da boca pra fora, coisas de uma cultura envelhecida, ultrapassada”, destacou na época.

No ano passado, em entrevista ao apresentador Pedro Bial, ela se queixou das críticas que passou a receber depois de declarar o apoio.

Ela disse ser chamada de “fascista” por pessoas que se opõe ao governo: “E eu achando que vivia em uma democracia, onde eu tenho o direito de pensar de acordo com o que eu quero. Eu respeito todo mundo que pensa diferente de mim. Não saio xingando as pessoas por aí”, disse.

Mesmo apoiando o presidente, Regina Duarte já havia demonstrado insatisfação em torno da escolha do seu antecessor Alvim para Cultura.

No ano passado, após ser nomeado diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, o dramaturgo sugeriu a criação de “uma máquina de guerra cultural” contra o que chamou de “marxismo cultural”.

“A meu ver o diretor Alvim tem extrapolado em declarações polarizadas porque certamente se encontra sob efeito de uma crise pós-traumática. Quem perde um Teatro perde um filho. Em virtude disso não consigo esperar dele que assuma com sensatez, com equilíbrio, as declarações que tem feito. São declarações com as quais não concordo. A ARTE se encontra em patamar sagrado, acima das ideologias”, afirmou a artista.

Demissão Alvim

O dramaturgo Roberto Alvim foi demitido depois de publicar um vídeo em que parafraseava um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista entre 1933 e 1945:

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”, disse o ex-secretário, que divulgava um prêmio nacional para as artes.

A fala é parecida a um pronunciamento de Goebbels direcionado à diretores de teatro que consta da obra “Joseph Goebbels: Uma biografia”, do historiador alemão Peter Longerich:

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande pathos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.”

Alvim disse que a semelhança das frases foi uma “coincidência” e que ele não sabia que os trechos eram de Goebbels. No entanto, outros elementos do vídeo também evocavam o paralelo nazista, como o enquadramento e a música escolhida, um trecho da ópera preferida de Hitler.

A repercussão foi intensa, com pedidos do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, por sua demissão.



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