Renner capta R$ 3,9 bi e investidor quer mais bits e bytes no balanço

Enquanto o dinheiro está escasso para novas histórias, ele ainda aparece para negócios conhecidos – especialmente se for para setores badalados. A Renner acaba de fechar uma emissão de ações e levantar R$ 3,9 bilhões. A ação saiu a R$ 39. Depois de esticar a discussão por um período,  a empresa decidiu ficar só com a oferta base. O desconto fez a empresa deixar de lado um lote extra de R$ 1,4 bilhão. A mensagem, portanto, é que no preço que o mercado está disposto a pagar não cabe essa diluição adicional.

É um desconto salgado de quase 17% em relação ao fechamento do dia anterior à confirmação da oferta. O papel disparou antes da confirmação da transação, pois ela foi antecipada pelo Brazil Journal. Quando soube da operação, no meio da euforia com as transações no setor, o investidor estava ainda inebriado pelo festival de novidades. As apostas foram longe e a lendária C&A chegou a ser decretada como alvo. Depois, a companhia holandesa negou qualquer interesse de vender a operação local.

Mas a semana tinha Arezzo querendo a Hering, que acabou com o Grupo Soma. Tinha a Lojas Americanas comprando a Uni.co, dona da Imaginarium e da Puket, e sempre a Magazine Luiza comprando várias coisas. Foram dias de muitos bilhões movimentados no setor.

Depois de tantas sacudidas, até o compra-compra está sendo recebido com mais ceticismo. A Renner sempre foi a menina-dos-olhos do setor. No início da pandemia, quando se falava de dificuldades pelo fechamento de lojas, a conversa era “Se a Renner não sobreviver, quem vai. Além disso, ela vai se beneficiar de um aumento orgânico de participação de mercado, pela dificuldade de negócios menores.” Esse era o espírito.

Passado mais de um de pandemia no Brasil, as dúvidas aumentam. Não é o futuro da Renner que está sendo questionado. Mas os investidores querem ver celeridade na digitalização. A companhia teve um tombo de 21,4% na receita líquida de 2020, para R$ 6,6 bilhões. O Ebitda caiu mais: 30,5% para R$ 1,6 bilhão.

Então, o que o mercado quer de notícia agora, para qualquer transação, é que ela venha associada à inteligência logística e digital. Quer a língua dos bits e bytes. O mundo é cada vez mais nas nuvens. A companhia sempre foi rápida de gatilho — como foi, por exemplo, no início da covid, uma das primeiras a contratar crédito extra. A aposta ainda é que a cultura da varejista é forte e os ajustes serão realizados. A rota já estava anunciada. Mas, por enquanto, não havia resposta exata para a pergunta: “para onde vai o dinheiro?”. Aquisições. Mas nenhum alvo público, por enquanto.

Como depois de um crescimento de 123% as vendas digitais só foram alcançar 9,4% do total no quarto trimestre, o mercado foi claro sobre o que pensa de compras. Quer negócios justos e que acelerem o digital. Uma combinação quase impossível. No primeiro trimestre de 2020, quando a companhia estava começando a acelerar sua jornada digital, por exemplo, as vendas de e-commerce sequer eram segregadas e não era pública a informação de quanto esse canal representava.

Pela análise do balanço do ano passado, e dos percentuais conhecidos, é possível ponderar que, no total, representavam menos de 5% em 2019. Algo inaceitável para a realidade de 2021.

 



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