Round 6: As lições financeiras da série coreana da Netflix

Para além de todo o aspecto sci-fi da série e a boa dose de sangue, algumas características dos endividados de Round 6 podem ser úteis para quem está com a vida financeira em desordem.

A EXAME Invest entrevistou a planejadora financeira Eliane Tanabe, da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros) para falar sobre como os superendividados podem sair dessa situação — e sem ter que passar pelo jogo “Batatinha Frita 1,2,3”.

Fazendo dívidas de forma irracional

A série é muito pertinente em mostrar que o endividamento tem uma relação próxima com questões psicológicas. A maior parte dos personagens, especialmente os que acumulam os débitos mais altos, têm algum tipo de relação comportamental com o dinheiro.

“O personagem principal, o Seong Gi-hun, vive pedindo 10 mil wons para as pessoas próximas. Será que ele precisa, mesmo, de 10 mil wons para essas as situações, ou o ato de pedir dinheiro emprestado virou um hábito?”, questiona Eliane.

O endividamento faz parte da vida de qualquer um, pois é uma importante ferramenta para alcançar o acúmulo de patrimônio material e intelectual. Por meio do crédito, é possível comprar um carro, uma casa, ou até pagar por uma formação acadêmica que vai ajudar na progressão de carreira (e, consequentemente, da renda).

As dívidas costumam virar armadilha quando a decisão de tomar empréstimos passa a envolver aspectos irracionais. Eliane, da Planejar, cita o caso do co-protagonista, Cho Sang-Woo.

“Ele atuava no mercado financeiro e tem um traço bastante evidente de competição. Por ter uma relação perigosa com o risco, o coadjuvante da série acaba caindo na armadilha de excesso de confiança, e acumula uma dívida enorme operando no mercado de da “, lembra a planejadora financeira.

O excesso de confiança e a má avaliação de riscos são dois aspectos bastante comuns em pessoas que dão passos maiores do que as próprias pernas, e que acabam acumulando dívidas praticamente impagáveis.

Pessoas também podem falir

Embora o conceito de falência seja mais disseminado entre as empresas, pessoas físicas também podem chegar a um ponto de contrair dívidas muito maiores do que o próprio patrimônio ou renda acumulados durante toda a vida. Em outras palavras: são débitos considerados impagáveis.

Nesse caso, assim como acontece com uma empresa, é necessário sentar e conversar com os credores de forma franca. Para facilitar esse processo, o Congresso aprovou recentemente a lei dos superendividados, que cria condições para que consumidores negociem suas dívidas de forma única com diferentes instituições financeiras.

“Pessoas podem falir, e é sempre difícil encarar essa realidade. Eu costumo dizer que o superendividamento é igual a uma doença: se o problema não for enfrentado de frente, nunca haverá tratamento”, defende Eliane.

Terapia financeira

Embora a racionalidade seja associada de forma quase imediata à vida financeira, muito dos hábitos que definem a relação de cada um com o dinheiro têm a ver com aspectos comportamentais.

Por isso, planejadores financeiros costumam fazer uma espécie de terapia financeira com clientes superendividados. O plano aqui é, além de elaborar um passo a passo para a quitação dos débitos, tentar entender o que levou a pessoa à situação financeira delicada.

“Se o aspecto comportamental não é tratado, provavelmente aquele superendividado vai voltar a atrasar contas, retornando à situação de bola de neve”, explica a planejadora financeira.

Dívida não tem a ver com padrão de vida

Outro conceito apresentado pela série é o de que a dívida não está, necessariamente, relacionado ao padrão de vida do devedor. O caso de Cho Sang-Woo, personagem que teve uma formação brilhante, frequentou a melhor universidade do país e que tinha uma carreira aparentemente bem-sucedida no mercado financeiro, é bastante ilustrativo.

“Claro que algumas situações da vida, como a perda do emprego ou até a perda de algum ente querido, podem empurrar a pessoa para as dívidas. Mas de maneira geral, o superendividamento está mais ligado a questões comportamentais, e não a problemas pontuais”, pondera Eliane, da Planejar.

Continue lendo

Recomendados

Desenvolvido porInvesting.com
Infraestrutura, Todos

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Menu