Sem espaço na agenda, Privalia suspende oferta em cenário competitivo

Ainda não foi desta vez. A companhia de e-commerce Privalia, uma espécie de market-place ou shopping online de outlets de grandes marcas, não conseguiu encontrar a demanda necessária para conseguir listar ações na B3. A companhia tentava uma operação que, no piso da faixa indicativa de preços, somaria pouco mais de R$ 710 milhões entre colocações primária e secundária. Do total, pouco mais da metade, algo como R$ 374 milhões, iriam para o caixa da companhia, com a emissão de novos papéis. O intervalo de preços variava de R$ 16,30 a R$ 18,10 por ação.

A transação não decolou nem mesmo após ser reestruturada, o que transformou a oferta pública em privada. Nessa remodelagem, foi assinado um acordo com o BTG Pactual (do grupo que controla a EXAME), no qual a instituição assumiria 5% da companhia — pela instituição, leia-se fundos geridos pelo banco. Se tivesse conseguido sair no piso sugerido, a Privalia chegaria à bolsa avaliada em R$ 1,8 bilhão.

Assumir 5% equivaleria, para o BTG, a investir cerca de R$ 90 milhões na transação, ou seja, mais de 10% da oferta total. O BTG+, braço de varejo do banco de atacado, como parte do acordo, também seria parceiro para soluções financeiras voltadas aos os parceiros da empresa, clientes e fornecedores.

Conforme o EXAME IN apurou, a operação será reorganizada e haverá uma nova tentativa. Quando pretendia fazer uma oferta pública, bem no início dos planos, a empresa almejava uma avaliação entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões. Eram outros tempos. Quando as techs, digitais e e-commerces estavam na “crista da onda”. Elas ainda estão. Mas só aquelas com robustos resultados, já maduras (maduras, mas  em expansão, de preferência).

Não bastasse essa onda ter passado, o período escolhido pela companhia para vir à B3 não foi dos melhores. Além de volatilidade, a empresa encontrou ceticismo, com a percepção de que alguns negócios estão caros demais (em especial os relacionados ao e-commerce), e uma concorrência aciradíssima pela hora dos gestores de recursos. Uma luta quase inglória.

A Privalia chegou ao mercado no mesmo momento em que ocorre a maior oferta de 2021, a listagem da Raízen, na sequência da listagem da CBA, a empresa de alumínio do grupo Votorantim, e junto com as ofertas subsequentes do Grupo Soma — para pagar a compra da Hering — e da Magazine Luiza. E isso são apenas os nomes ilustres.

Ainda que os ativos sejam todos completamente diversos, os bolsos são, em sua maioria, os mesmos. Estava muito difícil encontrar tempo na agenda dos gestores para argumentar e mostrar o plano contra as críticas.



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