Sob pressão, cofundador deixa a presidência da WeWork

Adam Neumann concordou em renunciar ao cargo de presidente-executivo da empresa e a desistir do controle majoritário de votos

Por Da redação, com Reuters

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24 set 2019, 16h33 – Publicado em 24 set 2019, 15h57

Depois de engavetar sua oferta pública inicial de ações, a empresa de aluguel de escritórios WeWork sofre um novo revés. O cofundador da WeWork Adam Neumann concordou nesta terça-feira, 24, em renunciar ao cargo de presidente-executivo da empresa norte-americana de compartilhamento de escritórios e a desistir do controle majoritário de votos, cedendo à pressão de alguns investidores.

A companhia anunciou a decisão após reunião do conselho de administração mais cedo para discutir um desafio à autoridade de Neumann por seus maiores investidores, incluindo o japonês SoftBank, a empresa de venture capital Benchmark Capital e empresa chinesa de private equity Hony Capital, disseram fontes familiarizadas com as deliberações.

Artie Minson, atualmente vice-presidente financeiro da We Company, e Sebastian Gunningham, vice-presidente do conselho da startup com sede em Nova York, se tornarão copresidentes-executivos, disse a empresa. Neumann continuará no conselho, como presidente não executivo, acrescentou a companhia.

Os investidores reuniram uma maioria no conselho de sete membros da We Company, controladora da WeWork, para pressionar pela renúncia de Neumann, acrescentou uma das fontes para Reuters.

A saída do presidente é o novo capítulo da queda da startup de escritórios compartilhados. A empresa adiou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), que seria a segunda maior operação do tipo este ano. Inicialmente avaliada em 47 bilhões de dólares, analistas acreditam que o valor da empresa está mais perto de 15 bilhões de dólares.

O IPO foi cancelado por falta de interesse dos investidores, segundo a Reuters. A empresa não conseguiria levantar os 3 bilhões de dólares previstos, necessários para conseguir mais 6 bilhões de dólares em crédito para manter a expansão do negócio.

Mais do que seu valor, a gestão e a governança da companhia também são vistas com críticas. Neumann fundou a WeWork ao lado de sua esposa, Rebekah, e do arquiteto Miguel McKelvey em 2010. Em quase uma década, a empresa abriu 528 escritórios em 29 países. No entanto, os altos custos de sua expansão acelerada tiveram seu preço. As perdas foram de 1,9 bilhão de dólares no ano passado, o dobro do que foi perdido em 2017. Desde 2016, o prejuízo aumentou mais de 300%.

Nos primeiros seis meses de 2019, a WeWork já perdeu 904,6 bilhões de dólares e teve faturamento de 1,5 bilhão. Mais do que isso, não conseguiu mostrar aos investidores um plano consistente para sair do vermelho.

Até então, Neumann encarnava o típico empreendedor visionário: ambicioso, excêntrico, mestre em narrativas e em inspirar funcionários. Mas o que veio à tona nos últimos dias foi um dos mais surreais apanhados de assédio moral e falta de escrúpulos da história do capitalismo americano.

Com sonhos de se tornar presidente dos Estados Unidos ou primeiro-ministro de Israel, Neumann também almeja vida eterna e se tornar o primeiro trilionário do planeta. Demissões sem aviso e regadas a shots de tequila, conflitos de interesse e festas obrigatórias são apenas alguns dos problemas de gestão da empresa.

A reviravolta no principal investimento do Softbank também leva a dúvidas sobre a gestão de seu fundo. Ao injetar bilhões de dólares na operação, o fundo inflou o valor da startup. Agora, terá que admitir uma perda bilionária no valor de seus investimentos. 

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