Há 1,5 milhão de alunos entrando diariamente na plataforma desenvolvida pelo governo estadual de São Paulo para que os jovens da rede pública não fiquem sem acesso a conteúdo durante a quarentena, segundo o secretário de educação de São Paulo, Rossieli Soares da Silva. Só nas escolas estaduais, há 3,5 milhões de estudantes.
Além do aplicativo de aulas online, a secretaria providenciou dois canais de televisão com conteúdo todos os dias para todas as séries e disponibilzou apostilas às famílias. “Claro que estamos aperfeiçoando, temos desafios, não chegamos a todos. Mas é muito melhor estar oportunizando algo do que não estar”, diz Rossieli em debate do exame.talks sobre os desafios da edução pública com Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann. O bate-papo foi mediado por André Portilho, head do Exame Academy.
Com as medidas de isolamento adotadas para conter a disseminação da covid-19, quase 53 milhões de alunos do ensino básico estão sem aulas presenciais desde o fim de março, segundo dados da Unesco.
Nem todos eles, porém, puderam continuar acompanhando o conteúdo pela internet, realidade vista sobretudo entre os alunos da rede pública do país, onde a falta de recursos tecnológicos dificulta o ensino a distância. No Brasil, 30% das pessoas ainda não têm conexão com a internet em casa e, entre os que acessam a rede, 97% utilizam o celular.
Esse cenário de exclusão digital, segundo especialistas, tende a aumentar a desigualdade entre alunos das escolas públicas e privadas. Faltam para a rede pública dois itens básicos para reduzir essa diferença, destacaram o secretário e Mizne: conectividade e equipamentos de boa qualidade. Mas não é só isso, uma mudança de cultura também é importante, sobretudo da parte dos professores.
Para o secretário, existia um medo claro que a tecnologia pudesse substituir os professores, mas “não existe essa possibilidade. O GPS não substituiu o motorista. Temos oportunidade de dar um salto quântico na educação com esse suporte”, completa Rossieli. “A melhor formação está acontecendo agora. Temos exemplos impressionantes de professores que estão vendo que a tecnologia pode ser aliada, por isso acho que vem pra ficar”, diz.
Para o futuro, o maio desafio é mão de obra qualificada disposta a trabalhar no setor público. “Será preciso um esforço de guerra para formar a próxima geração de professores. Como vamos incentivar os melhores alunos a ingressar na rede publica? Precisamos dessas pessoas para resolver grandes problemas no setor”, diz Mizne.
O início da volta gradativa das aulas presenciais da rede pública de São Paulo, prevista para junho, tem sido colocado como determinante para a retomada das atividades comerciais no estado pelo governador João Doria. O chefe do estado estendeu o período de quarentena nesta sexta até 31 de maio, de acordo com anúncio feito nesta sexta-feira, 8.