Telefônica sobrevive ao coronavírus perto da máxima histórica no Ibovespa

Em meio ao maior caos de mercado já registrado no Brasil, com sucessivos pregões em que o circuit breaker foi acionado, havia uma sobrevivente na semana passada entre as companhias do Índice Bovespa. Até o fechamento de quinta-feira, 19, a Telefônica era a única que mantinha alta em relação aos bons tempos de janeiro – aquele com parâmetros de preços que ninguém mais sabe quando e se serão retomados. De 31 de janeiro até 19 de março, a companhia acumulava alta de 0,9% em seu valor de mercado, avaliada em R$ 97,3 bilhões.

Não bastasse ainda acumular ligeira valorização, a avaliação se mantinha próxima da máxima histórica da empresa, quando valia em torno de R$ 103 bilhões, pelas cotações na bolsa.

Na sexta-feira, as ações tiveram queda e essa fotografia deve se modificar. As ordinárias recuaram 10,9%, para R$ 50,52 e as preferenciais tiveram queda de 7,68%, para R$ 54,38. Mas,  ainda assim, a empresa ficará na lista das mais resilientes a essa crise, neste momento.

A B3 ainda não atualizou o relatório com o fechamento de sexta-feira, 20, o que deve ocorrer ao longo desta segunda-feira.

Por enquanto, não está claro qual será o saldo da reclusão – como esforço de contenção contra o novo coronavírus – para as companhias de telecomunicações. De um lado, as demandas pessoal e residencial explodiram. Porém, o uso em diversos setores da economia, como turismo e comércio, pode despencar e nenhum especialista ainda sabe dizer como será a retomada.

Dentre as teles brasileira, a Telefônica é, desde a privatização, em 1998, a campeã no pagamento de dividendos, o que torna a empresa uma espécie de porto seguro em tempos de estresse e alta volatilidade. De acordo com dados do site da própria empresa, sobre o ano de 2019, a Telefônica Brasil já declarou o pagamento de um valor bruto de R$ 3,6 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio, a serem depositados até agosto desde ano. Sobre esse total, devem se somar mais R$ 2,2 bilhões que serão aprovados na assembleia de acionistas prevista para 8 de abril, levando o total do ano passado para R$ 5,8 bilhões.

O montante a ser pago é superior ao próprio lucro líquido da empresa, que foi de R$ 5 bilhões em 2019, após queda de 44%, e representa 64% do fluxo de caixa operacional (Ebitda menos investimentos), que aumentou 23,5% no ano passado, para R$ 9,1 bilhões. As distribuições colocam o retorno da empresa apenas com o dividendo, mesmo com as ações próximas de sua máxima histórica na bolsa, acima da taxa básica de juros do Brasil, que na semana passada foi reduzida a 3,75% ao ano.

Para completar o quadro, a companhia anunciou, em 9 de março, um processo de modificação de seu capital social. Todas as ações preferenciais (sem direito a voto) serão convertidas em ordinárias (com direito a voto), mas sem que a empresa migre para o Novo Mercado da B3. A medida é bastante confortável para a controladora Telefónica de Espanha, que possui quase 75% do capital total do negócio no Brasil. Com essa iniciativa, a companhia brasileira transformará sua ação em uma moeda mais forte para trocas em aquisições. Logo no dia seguinte ao anúncio dessa medida, a tele admitiu que estuda, em conjunto com a TIM Brasil, a compra da operação de telefonia celular da Oi.

A TIM Brasil também se segurou bem diante dos solavancos dos mercados e na mesma base de comparação da Telefônica, tinha queda de 11%, com valor de mercado em R$ 36 bilhões.

Mas, dentre as 70 empresas que compõem o Índice Bovespa, o Carrefour Brasil tinha o segundo melhor desempenho, com perda acumulada de 3,7% até quinta-feira, avaliado em R$ 43,17 bilhões. A crise de contaminação da covid-19 levou a uma onda de compras e formação de estoques de produtos de consumo pela população que tem impulsionado as vendas dos supermercados nos últimos dias. A mesma lógica, contudo, não segurou o Pão de Açúcar, que teve queda de 27,2%, para R$ 17,3 bilhões.

Menos de 20%

A soma do valor de mercado das companhias do Índice Bovespa mostra que a capitalização do indicador recuou 38%, para R$ 2,4 trilhões, entre 31 de janeiro e quinta-feira – último dado atualizado pela B3. Nesse período, R$ 1,5 trilhão derreteu no mercado.

Entre as 70 companhias do indicador, apenas sete acumulavam perda inferior a 20% nesse período. Além de Telefônica, Carrefour e TIM Brasil, conseguiram um desempenho menos catastrófico as companhias que os investidores esperam resistir melhor – ou até se beneficiarem, de alguma forma – da crise global com o novo coronavírus: as empresas do setor de energia Taesa (-16,8%) e Engie (-19,9%), a fabricante de medicamentos Hypera (-12,12% e a rede de farmácias Drogasil (-13,7%).

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