Tendência em TI, segurança da informação deve privilegiar olhar social

Por João Ricardo Saud*

A forma como a sociedade deve olhar para a segurança da informação mudou. Esta foi uma das principais conclusões da edição deste ano da RSA Conference, um dos principais eventos mundiais sobre segurança da informação, realizado entre 6 e 9 de junho, em São Francisco, na Califórnia.

Quem atua na área há de concordar: há pouco tempo, a segurança da informação era um assunto abordado na pauta empresarial, mas não saía muito dali. Com os crescentes ataques hackers, muitos deles com perfil terrorista, contra governos, o assunto começou a ganhar a  esfera pública e os noticiários.

Agora, vem surgindo um novo olhar sobre o tema: assim como o mundo tem se preocupado com o aquecimento global e os direitos das minorias, o tripé tecnologia, informação e segurança passa a ser incluído nas pautas ambientais, sociais e até humanitárias. Natural, afinal de contas, a tecnologia digital se tornou uma camada que permeia toda a nossa existência.

É um assunto de extrema importância. No entanto, muitos países ainda não se adaptaram a essa realidade, incluindo o Brasil. O que podemos dizer, sobre o que vivemos no dia a dia, e o que observamos na RSA, é que isso é um erro. A cibersegurança não pode ser um tema que interessa ou diz respeito somente ao mundo corporativo.

Nos Estados Unidos, por exemplo, após uma série de crises de vazamento de informações, a sociedade já começa a enraizar o conceito de que segurança de dados é um tema de importância sociológica.

Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia é prova dessa preocupação crescente. Um levantamento da Microsoft apontou que as Forças Armadas da Rússia lançaram ataques cibernéticos contra pelo menos 48 agências e empresas ucranianas. E os exemplos não param aí: recentemente, Israel acusou a Turquia de ataques físicos e cibernéticos contra sua infraestrutura nuclear e militar no Irã e na Síria – e pediu que seus cidadãos deixem a Turquia imediatamente sob risco de ataques terroristas.

E é nessa esfera social que muitas empresas não sabem ainda como operar.

Um passo a mais é imprescindível que as organizações, principalmente as grandes, que armazenam bilhões de dados sigilosos e pessoais, tenham equipes de TI (Tecnologia da Informação) bem preparadas e se protejam de ataques cibernéticos. Mas é preciso ir além.

Não podemos fugir ao nosso papel social, e proteger dados apenas para evitar prejuízos financeiros. A atenção à cibersegurança deve ultrapassar as fronteiras da esfera privada.

A partir de agora, precisamos levar em conta o contexto mundial e priorizar também a proteção da comunidade de empresas, pessoas, órgãos públicos e ainda a proteção da vida.

*João Ricardo Saud é vice-presidente executivo da Asper



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