“Todo mundo está chutando”, diz economista sobre impactos do coronavírus

Dados chineses opacos e a falta de precedentes impedem estimativas claras sobre efeitos econômicos da doença

São Paulo — O coronavírus, que se espalhou de um mercado de frutos do mar em Wuhan, na China, para infectar dezenas de milhares, fechou negócios, impediu voos e matou mais de mil pessoas até agora, a maioria na China.

Enquanto a segunda maior economia do mundo luta para voltar ao trabalho após o feriado prolongado do Ano Novo Lunar, analistas e banqueiros vêm revisando suas estimativas sobre o impacto econômico do vírus.

A maioria acredita que a China enfrentará um choque econômico curto mas mais acentuado do que se pensava inicialmente, que será sentido em todo o mundo. Entretanto, as expectativas sobre a severidade do impacto variam amplamente. Profissionais de saúde e economistas dizem que dados chineses opacos e a falta de precedentes impedem estimativas claras.

O crescimento do Produto Interno Bruto da China no primeiro trimestre pode cair para até 4%, estimou Nicholas R. Lardy, membro sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional, na terça-feira. Isso se compara às estimativas do governo chinês de crescimento anual de 6% antes do surgimento do vírus.

No entanto, se o número de novos casos confirmados de coronavírus continuar diminuindo, o efeito adverso sobre o crescimento anual será muito menor, acrescentou.

Analistas da S&P, entretanto, estimaram na terça-feira que o vírus poderá reduzir o crescimento do PIB da China para 5,0% este ano, com o efeito atingindo seu auge no primeiro trimestre antes do início de uma recuperação no terceiro trimestre.

“Os números são muito imperfeitos, e essa é a razão básica por trás da ampla gama de estimativas”, disse Lardy. “Todo mundo está ‘chutando’.”

Os problemas causados pelo vírus podem derrubar em 40 a 50 pontos-base o crescimento econômico esperado dos EUA de até 2,4% por trimestre para 2020, disse Constance Hunter, economista-chefe da KPMG e presidente da Nabe.

Jay Bryson, economista-chefe interino da Wells Fargo & Co, disse que, embora algumas indústrias dos EUA, incluindo de viagens aéreas e eletrônicos, possam ser afetadas por uma desaceleração econômica chinesa decorrente da epidemia, o comércio com a China ainda é responsável por uma pequena parte da economia geral.

“Não diríamos que isso vai deixar a economia dos Estados Unidos de joelhos”, afirmou. “Os norte-americanos são bastante resistentes quando se trata de gastos do consumidor”, especialmente em serviços.

As interrupções na cadeia de suprimentos “teriam que ocorrer por um bom tempo para ter um impacto significativo”, disse ele.

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