Um panorama sobre as govtechs em 2022: tendências e pontos de atenção

Por Diogo Catão*

Com o intuito de criar inovação para a gestão pública e auxiliar na economia de recursos públicos através de soluções tecnológicas, surgiram as startups denominadas “govtechs”. Por menos que se ouça falar, há um movimento de crescimento para que, no futuro, elas se consolidem.

De acordo com a ABStartups (Associação Brasileira de Startups), atualmente há no país 135 startups que se encaixam no modelo govtech, sendo 80 vistas como mais importantes por já estarem vendendo para o governo ou trabalhando com ele em outras formas de colaboração de maneira recorrente. 

Em 2022, espera-se que esse segmento avance, e que o ecossistema de inovação no setor público alcance os players de investimentos por meio de empresas que tenham como objetivo capacitar e investir em govtechs. Para que isso aconteça, é necessário que os processos de regulação, capacitação e investimento avancem nessa área. 

Colocando essas startups em perspectiva, a expectativa é que as hipóteses de inexigibilidade de licitação para compras públicas aumentem e que a vinda do marco regulatório de startups venha estimular e aquecer ainda mais o cenário de govtechs em médio e longo prazo.

Um ponto importante de destacar é a questão de educar o gestor público, em razão da falta de cultura de inovação, e desfazer a noção de que atuar com o poder público é atuar com a corrupção. Como dizem no meio, “as startups govtech são o futuro do governo no Brasil”. 

Exemplo disso é o trabalho repetitivo e exaustivo do gestor público, que muitas vezes não dá conta da demanda em decorrência do volume de trabalho. Então, o que puder ser automatizado, como o sistema de gestão de prefeituras, traz muitos benefícios. 

Para isso, as govtechs vêm desenvolvendo tecnologias que agregam valor ao funcionalismo público para que se consiga dar uma autonomia de decisão muito mais assertiva por meio da digitalização e automação dos processos. Dessa forma, existe uma infinidade de soluções que vêm a contribuir para a automatização do trabalho dos servidores públicos.

É importante que os meios de atuação sejam repensados, com mudança de legislação e formas alternativas de contratação, para que aconteçam conforme a anuência da gestão. Assim, se evidencia a importância da inovação na prestação dos serviços públicos, o que depende do esforço e da atuação de cada um de nós como cidadãos. 

Ademais, a “cultura de corrupção” e obtenção de vantagens pessoais é bastante enraizada no Brasil, e infelizmente também entre as startups. Vi uma pesquisa ressaltando que algumas pessoas sentem-se desconfortáveis em reuniões e apresentações de projetos a gestores, pois, por parte das startups, sentiram como se estivessem sendo avaliadas na sua idoneidade e legalidade.

Sem falar que ainda há resistência de boa parte dos founders de startups quanto à questão de govtech, justamente por esse bloqueio em relação à cultura de corrupção. Mas cada vez mais esses “atores” estão ficando atentos às oportunidades que vêm dos governos. 

Porém, tentam se proteger com políticas de compliance para fugir da questão da corrupção e passar pelo processo e trâmites burocráticos de uma forma mais responsável e ágil, tentando não ficar presas nas engrenagens do sistema. Percebe-se uma crescente de govtechs nos últimos anos e a tendência é, sim, que sejam desenvolvidas mais soluções e que haja aportes pelos governos. A legislação também pode ajudar nesses pontos.

Vale lembrar que 2022 é ano de eleições presidenciais. Nessa época, a disseminação da informação e a segurança cibernética ganham mais força. A boa notícia é que existem ferramentas de tecnologia para auxiliar nisso. É possível utilizar a inteligência artificial para detecção de informações que não procedem, fazendo um double check com a fonte. 

É importante que tenhamos cada vez mais soluções para aumentar a transparência, e isso acaba ajudando a combater as fake news e a insegurança, quando se dá credibilidade à fonte segura de informação.

Em resumo, no setor público ou privado, é importante que haja mais conectividade nos governos. Isso traz a temática do governo 4.0 e a iniciativa proativa dos líderes, prefeitos, governadores. 

Diante disso, trabalhando em conjunto, será possível dar passos maiores na direção da transformação das instituições públicas no Brasil.

*Diogo Catão é CEO da Dome Ventures

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