Uma boa notícia: indústria surpreende e sobe 0,9% em janeiro

São Paulo — A produção industrial subiu 0,9% em janeiro ante dezembro, na série com ajuste sazonal, interrompendo uma sequência de dois declínios consecutivos, divulgou nesta terça-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de não indicar uma tendência para os próximos meses, o resultado veio acima do consenso de 0,6% da Bloomberg e dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, do sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que esperavam desde uma queda de 0,5% a avanço de 1,9%, e ficou pouco acima da mediana positiva de 0,8%.

O avanço é o mais intenso desde agosto do ano passado e foi puxado pela produção de bens de capital, que subiu 12,6% no mês após cair 12,26% em dezembro.

“De maneira geral os dados não são suficientemente fortes para reverter as expectativas de atividade mais morosa em 2020 (lembramos que em janeiro o episódio do Coronavírus ainda não tinha eclodido), mas observar altas em bens de Capitais e na produção de Duráveis é um alento num ambiente de más notícias no plano econômico”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota.

Apesar disso, de acordo com o IBGE, o setor industrial ainda se encontra 17,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011 e no mesmo nível de agosto de 2004, ou seja, há mais de 15 anos.

“O resultado positivo de agora deriva mais de uma base fraca, em cima de dois meses seguidos de quedas, do que uma melhora de cenário ou ambiente”, avaliou o gerente da pesquisa, André Macedo.

“No fim do ano passado, houve período de férias coletivas em setores como automóveis e metalurgia, e é natural que com a volta ao trabalho haja aumento de produção”, completou.

Em relação a dezembro, 7 dos 26 segmentos industriais registraram aumento da produção em janeiro. Entre as atividades, as influências positivas mais importantesm na avaliação da 4E consultoria, foram de máquinas e equipamentos (11,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%), metalurgia (6,1%), produtos alimentícios (1,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%).

Do lado negativo, as indústrias extrativas (-3,1%) tiveram bastante importância, destaca a 4E. “É o quinto mês consecutivo de queda na produção do setor, o qual acumula perda de 8,9% nesse período”, diz a 4E em nota.

“O resultado de janeiro evidencia a resiliência da indústria neste começo de ano, o qual teve início com perspectivas bastante positivas. Apesar disso, o aprofundamento do surto do coronavírus e suas implicações para as cadeias globais, as dificuldades apresentadas pela economia argentina e o lento avanço da agenda de reformas devem ser obstáculos à concretização de uma retomada mais robusta do setor industrial ao longo de 2020”, diz a consultoria.

Em relação a janeiro de 2019, a produção caiu 0,9% e veio pouco melhor que a mediana negativa de 1,0%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de uma queda de 2,2% a alta de 0 4%. A indústria acumula queda de 0,9% no ano de 2020. Em 12 meses, a produção acumula queda de 1,0%.

“As interrupções de produção e logística nas cadeias de suprimentos industriais internacionais também podem impactar temporariamente a base industrial doméstica. Do lado positivo, o setor deve se beneficiar da manutenção de condições financeiras acomodatícias e de uma moeda competitiva”, complementa Alberto Ramos, diretor de pesquisas do Goldman Sachs na América Latina.

Em 2019, a indústria brasileira teve crescimento de apenas 0,5%, igualando o desempenho de 2018, de acordo com os dados do PIB.

Para este ano, a expectativa de economistas é de um crescimento de 2% da indústria, segundo a pesquisa Focus mais recente realizada pelo Banco Central.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

 

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