A Vale informou que vê risco de desabastecimento de pelotas (minério de ferro preparado usado em altos-fornos de siderúrgicas) no mercado interno, após a paralisação do complexo da mina de Itabira, Minas Gerais. Diante do aumento de casos de covid-19 no local, a mineradora interrompeu a produção por ordem da Justiça.
“A Vale informa que poderá haver desabastecimento temporário de pelotas para o mercado interno, enquanto permanecer a paralisação de Itabira, tendo em vista que o complexo fornece para as pelotizadoras do complexo de Tubarão”, disse a companhia, em comunicado ao mercado.
A mineradora destacou que o guidance de produção de minério de ferro, de 310 milhões a 330 milhões de toneladas em 2020, considera um efeito negativo de 15 milhões de toneladas por “eventuais impactos decorrentes do combate à covid-19”.
A produção mensal esperada para o complexo de Itabira é de 2,7 milhões de toneladas para os próximos meses, mas segundo a companhia, não há, por ora, necessidade de revisão deste guidance. A Vale é a maior produtora de pelotas do Brasil, com cerca de 90% de market share, segundo estimativas do mercado.
Nos últimos meses, diante da busca por aumento de produtividade no setor ao redor do mundo, a pelota é o tipo de produto que vinha obtendo bons prêmios em cima do preço de negociação.
Agora, com a crise econômica generalizada, principalmente no setor siderúrgico, a expectativa é que o consumo de pelotas apresente queda, segundo analistas ouvidos pela EXAME. Embora mais eficiente, a pelota tem um alto custo, o que gera embates entre as áreas de produção e de custos.
No entanto, a paralisação do complexo de Itabira provocou preocupações no mercado. Nesta segunda-feira, 08, com a notícia da parada, os contratos futuros do minério de ferro na China dispararam para cerca de 112 dólares a tonelada, maior ganho intradiário desde julho de 2019.