Venda da Hering à Arezzo envolve questões de negócio e familiares

A divulgação de uma negociação entre duas das maiores varejistas movimentou os bastidores do mercado financeiro nessa semana: a Arezzo, um grupo calçadista que tenta se converter em uma gigante da moda nacional, fez uma proposta de 3 bilhões de reais para comprar a Hering, tradicional rede de moda que hoje tem 778 lojas. Por trás dessas conversas, há fatores de negócio – como a necessidade de a Arezzo se expandir e ganhar musculatura – e também questões mais pessoais, como a suposta pouca disposição da família Hering em tocar seu negócio adiante.

Conversando com fontes próximas às negociações, o Estadão descobriu que a questão envolve um plano estratégico antigo, de um lado, e a perda de paciência com um negócio que falhou em mostrar recuperação ao longo de vários anos, de outro. A Arezzo traçou há cerca de cinco anos um plano estratégico de ir além dos calçados e virar um “player” de moda: já comprou a Reserva, que tinha Luciano Huck como sócio. E a Hering seria um passo mais ousado – e mais arriscado – para colocar esse objetivo definitivamente em pé.

Além de ter um número muito maior de lojas, a Hering – comandada pelo empresário Fabio Hering, membro da família fundadora da marca – é uma empresa centenária (criada em 1880) e que também tem um considerável parque industrial instalado. Tradicionalmente, a Arezzo sempre trabalhou com produção terceirizada.

Acordo ‘ganha-ganha’

O grupo Arezzo – que também inclui marcas como Alexandre Birman, Schutz, Anacapri e Vans – decidiu que está pronto para este salto, apesar das dificuldades que o varejo enfrenta em meio à pandemia de covid-19. A alta cúpula da Arezzo passou os últimos dias em reuniões e deverá formar um grupo de trabalho para tratar sobre a proposta para a Hering, afirmou uma fonte. “A hora de agir, para quem está forte neste momento, é mesmo agora”, definiu um banqueiro.

Isso não quer dizer que colocar a tradicional marca de roupas para dentro de casa será um caminho sem obstáculos. A Hering é vista há anos como um negócio em decadência, que precisa de um “face lift” para voltar a ser lembrada com mais frequência pelo consumidor. Como a Arezzo é considerada eficiente no cuidado com suas marcas, a notícia dessa união animou o mercado, que considerou a negociação saudável para ambas as partes.

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