Witzel fracassa em buscar apoio para barrar possível pedido de impeachment

Com um processo de impeachment cada vez mais iminente na Assembleia Legislativa do Rio, o governador Wilson Witzel tenta recompor, em vão, sua base de apoio, que vem se desfacelando no Parlamento diante das investigações de supostas fraudes em contratos emergenciais em sua administração.

No fim de semana, o cargo de secretário de Polícia Civil foi para a mesa de negociação. O deputado Carlos Augusto Nogueira, do PSD, partido cuja bancada tem cinco nomes, chegou a ser convidado para ocupar a vaga deixada pelo delegado Marcus Vinícius Braga, mas recusou a proposta.

Ele teria indicado uma colega, Patrícia Alemany, que comanda hoje o Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.

Sete votos em jogo

O acordo garantiria, além dos cinco votos do PSD, mais dois de outros parlamentares. Mas a repercussão dessa costura não foi como o governo esperava. Alguns delegados denunciaram intervenção política na instituição, e um grupo cogitou até entrar na Justiça com um mandado de segurança por desvio de finalidade.

A delegada Martha Rocha, deputada pelo PDT, também criticou a barganha com a Polícia Civil. Pressionado, à noite, o governo anunciou que vai nomear para o cargo o delegado Flávio Marcos Amaral de Brito, subsecretário de Gestão da Polícia Civil, que estava interinamente no comando da secretaria.

“Fui convidado pelo governador, mas não aceitei, pois isso contaminaria meu votos futuros na Alerj”, disse Carlos Augusto, referindo-se ao fato de ter que se alinhar ao governo. “Eu jamais deixaria de ser imparcial. O governador me perguntou sobre a possibilidade de indicar a Patrícia, assim como outros nomes”, completou.

Witzel precisa de pelo menos 36 dos 70 votos da Alerj para impedir seu impeachment, caso o processo vá adiante. Parlamentares dizem que ele não chega hoje a um um terço desse número.

“A situação do governo é dramática. A curto prazo, ele não consegue nem uma dúzia de votos. A corrupção é inaceitável. E, na área da saúde, durante uma pandemia, é crime hediondo”, disse Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB).

O deputado Bruno Dauare, aliado do governo, disse desconhecer qualquer tipo de negociação por cargo: “O que vejo é o governador fazer uma ampla reforma administrativa”.

Com a indicação para a Polícia Civil, o governo pretendia ter a chance de dar um passo rumo à recomposição de sua base na Alerj, onde há pelo menos três pedidos de abertura de processo de impeachment na mesa diretora.

Witzel perdeu recentemente quatro votos do Republicanos, partido do prefeito Marcelo Crivella que decidiu deixar o grupo de governistas. Nesta segunda-feira, saiu no Diário Oficial a exoneração a pedido de Jorge Gonçalves, da Secretaria de Trabalho e Renda, indicado pela sigla.

Com as recentes operações Favorito e Placebo, que investigam fraudes no governo, principalmente na área da Saúde, Witzel fez cinco trocas no primeiro escalão: Saúde, Fazenda, Casa Civil, Polícia Civil e Trabalho.

A saída de Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, da Fazenda, e de André Moura, da Casa Civil, deixaram o clima bem hostil para Witzel na Alerj. A mudança nas duas pastas, arquitetadas pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, fez com que o então líder do governo na Casa, deputado Márcio Pacheco (PSC, partido de Witzel), e o vice-líder, Rodrigo Bacelar (SDD), entregassem seus cargos.

Até agora, o governo está sem comando no Parlamento. Fontes contaram que Witzel convidou um deputado nesta segunda para assumir o cargo de líder, mas que ele recusou. E Tristão, secretário mais próximo do governador, entrou agora de férias, deixando a administração estadual ainda mais desfalcada.

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