Conheça o projeto da ArcelorMittal para ajudar a combater escassez hídrica

É uma ideia aparentemente simples para contornar a escassez hídrica, que atualmente assombra parte do Brasil: dessalinizar a água do mar. Mas que demanda uma complexa e custosa engenharia.

Inaugurada no Espírito Santo, a maior planta de dessalinização do país, da siderúrgica ArcelorMittal Tubarão, não deixa mentir.

Resultado de um investimento de 50 milhões de reais, a novidade é capaz de processar até 500 metros cúbicos de água do mar a cada hora, capacidade que poderá ser triplicada com a eventual expansão da planta.

“Estamos mostrando na prática que é possível utilizar a água do mar em grande escala e esperamos inspirar outras empresas e governos a fazer o mesmo”, diz Fabricio Assis, gerente-geral da ArcelorMittal Tubarão. “Em um contexto no qual a escassez hídrica volta a ser registrada em algumas regiões do país, apresentamos um caminho factível.”

A planta em Serra ocupa uma área de cerca de 6.000 metros quadrados e se vale de um dique construído em 1983. Ela consome cerca de 3MW de energia elétrica, ou menos de 1% do total gerado pela própria ArcelorMittal Tubarão, que é autossuficiente nesse quesito.

E a salmoura resultante do processo de dessalinização é devolvida ao mar por um canal de retorno já existente na usina — a tecnologia empregada, comum em países como Israel, Espanha e Estados Unidos, utiliza a chamada osmose reversa.

A capacidade máxima atual, de 500 metros cúbicos/hora, é suficiente para abastecer cerca de 80.000 pessoas por dia, o que é sinônimo de maior segurança hídrica para a empresa e para o Espírito Santo.

A água tratada, no entanto, será destinada para usos industriais, desafogando o Rio Santa Maria da Vitória, cuja água doce agora poderá ser aproveitada pela sociedade para outros fins.

Estrutura da planta de dessalinização: resultado de um investimento de 50 milhões de reais

Estrutura da planta de dessalinização: resultado de um investimento de 50 milhões de reais (ArcelorMittal/)

Um projeto inovador

“Nossas equipes fizeram estudos durante cerca de dois anos, incluindo avaliação de várias alternativas tecnológicas para dessalinização, análises de qualidade da água do mar, discussões técnicas com fornecedores de todo o mundo, testes em laboratório e até visitas técnicas em plantas na Argentina e nos Estados Unidos. Tudo para definir o projeto mais ajustado à nossa realidade e expectativa”, diz Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos América do Sul, acrescentando que a construção da planta criou 220 novos postos de trabalho.

Em 2019, a iniciativa ganhou o prêmio “Projeto Inovador” durante o congresso da International Desalination Association (IDA), principal evento global do setor de dessalinização e tratamento avançado de águas.

Em Fernando de Noronha, há uma planta do tipo com capacidade baixa, de aproximadamente 48 metros cúbicos por hora, para consumo da população.

Neste ano, o governo cearense anunciou que irá construir uma usina de dessalinização a partir do ano que vem. Infelizmente, o Brasil ainda não possui fabricantes de equipamentos de dessalinização.

Produção mais sustentável

Registre-se que a ArcelorMittal Tubarão tem o menor índice de consumo industrial de água doce do Brasil. Quase a totalidade do que ela utiliza (96%) vem do mar — é usada na refrigeração dos equipamentos de produção de aço.

Os 4% restantes são provenientes — até agora — do Rio Santa Maria da Vitória. Convém lembrar que, atualmente, o índice de recirculação de água doce da empresa é de mais de 97%.

Neste mês, a empresa assinou um acordo pioneiro com a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan). Prevê a compra mensal para fins industriais de 540 metros cúbicos por hora de água de reuso provenientes da Estação de Tratamento de Esgoto da outra. “É mais um paradigma que ajudamos a quebrar e que contribui com a sustentabilidade”, observa Assis.

A aquisição será feita por contrato de 25 anos, podendo ser renovado, e reduzirá ainda mais a demanda da usina por água do Rio Santa Maria da Vitória.

De quebra, a empresa também colabora com a recuperação de nascentes desse rio. É mais uma ação alinhada ao Plano Diretor de Águas da companhia, que visa iniciativas em prol da segurança hídrica.

No vídeo a seguir, a empresa conta mais detalhes sobre o olhar de transformação que fez nascer o projeto:



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