Amil: o que a venda representa para clientes e o setor de saúde?

A operadora de planos de saúde Amil deve mudar de mãos. Controlada pela americana UnitedHealth, a Amil é uma das maiores operadoras do país, com cerca de 3 milhões de beneficiários. Nas últimas semanas, ganharam força as notícias de que a companhia norte-americana pretende vender sua operação no Brasil, dez anos depois de ter comprado a empresa.

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A venda deve impactar os milhões de beneficiários da Amil, e também mudar a configuração do setor de saúde no país. EXAME ouviu especialistas para entender o que essa venda representa para o consumidor e para o ambiente de negócios do setor.

Planos individuais

O primeiro ponto de atenção sobre a venda da Amil e sua consequência para o mercado está no segmento de planos com contratos individuais. Esses contratos têm seus reajustes definidos pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e por isso têm sido deixados de lado pelas grandes operadoras.

As movimentações sobre a venda da Amil ganharam força depois que ela se desfez de seus clientes com contratos individuais. Com mais de 300 mil pessoas, em grande parte idosos, a carteira era considerada um problema para a rentabilidade da companhia.  Em dezembro, a Amil transferiu esses clientes para a empresa APS (Assistência Personalizada à Saúde), também controlada pela UnitedHealth, em uma movimentação que envolveu um acordo com a gestora de investimentos Fiord Capital.

Mas a transferência da carteira tem sido alvo de reclamações dos beneficiários. A advogada Estela Tolezani, especializada em saúde, conta que tem recebido queixas de clientes da Amil, agora transferidos, a respeito do descredenciamento de laboratórios de diagnóstico.

“No segundo semestre de 2021, pouco antes da transferência da carteira, recebemos queixas de descredenciamento de laboratórios importantes. Eles estão precisando se deslocar mais para conseguir atendimento e tem cliente com prontuário inteiro em um laboratório que agora não atende mais essa carteira”, afirma.

A mudança na rede credenciada pouco antes da transferência da carteira também foi identificada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). “Nossa preocupação é que esse movimento tenha tido como objetivo tornar a rede mais precária já pensando na transferência da carteira”, diz Ana Carolina Navarrete, coordenadora do programa de saúde do Idec.

Outra preocupação recorrente dos clientes, segundo Navarrete, é a capacidade de gestão da APS, que antes de receber a carteira da Amil tinha apenas 11 mil beneficiários.

A redução da rede credenciada e problemas com a gestão podem ter um efeito nocivo para o setor, avalia Navarrete. “O risco é essas pessoas ficarem descontentes com a nova gestão e abandonarem o plano buscando alternativas”, diz. No entanto, como a maior parte das grandes operadoras não oferece contratos individuais, esses beneficiários podem ter dificuldade em encontrar outro plano com as mesmas condições do atual.

“Se esses beneficiários forem para um plano coletivo, teremos um encolhimento dos planos individuais, uma modalidade que é importante no acolhimento de idosos e que oferece proteção ao consumidor contra aumentos elevados e cancelamentos. É preciso considerar o impacto da transferência dessa carteira para esse segmento do mercado”, afirma.



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