O ano de 2022 foi ímpar na história da Petrobras (PETR4). Prestes a completar 70 anos, a petroleira estatal teve seu maior lucro da história, de R$ 188 bilhões, e os grandes beneficiados foram seus acionistas. A companhia somou R$ 215,8 bilhões em dividendos relativos ao ano passado – valor que seria suficiente para comprar a Ambev (ABEV3), que valia R$ 212 bilhões no fechamento do último pregão.
Para 2023, no entanto, o futuro dos dividendos da companhia é incerto. Em sua primeira teleconferência de resultados como novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates não detalhou quais são os planos para a distribuição em 2023.
“Vamos ter sim uma robustez de dividendos porque pretendemos ter lucros à altura do lucro auferido agora. Mas as circunstâncias serão diferentes, então o desafio é bem maior”, afirmou Prates durante a teleconferência.
A distribuição vultosa de dividendos tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que indicou Prates ao cargo, e de integrantes do PT. A avaliação do governo é de que a distribuição tem sido excessiva – e agentes de mercado já esperavam alguma mudança nesta direção com a troca de comando da estatal. O que não se sabe ainda é que mudanças serão essas.
Perguntado sobre o que seria uma política ideal de dividendos em sua visão, Prates afirmou que não vê necessidade em uma regra específica para distribuição dentro da empresa.
“Chego a ter dúvidas se há necessidade de regras muito rígidas internas em relação a percentuais de distribuição de dividendos. As circunstâncias, conjuntura e projetos mudam. Acho que a relação precisa ser cada vez mais fluida, com diálogo”, disse o presidente.
Atualmente, a política de remuneração aos acionistas da Petrobras prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a companhia poderá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos).
Prates reforçou ainda que o peso e a importância da Petrobras para a economia brasileira devem ser levados em consideração no momento de distribuir proventos. “Temos que ver isso como benefício: ser sócio do Estado brasileiro deve ser uma vantagem. Cabe a nós provar isso”, afirmou.