Autor de “O jeito de ser Magalu” dá previsões para varejistas

Por Bússola

A confiança do consumidor deverá ter uma retomada no final do ano com a definição das eleições e quando o atual cenário macroeconômico da crise decorrente da pandemia e da guerra na Ucrânia tiver sido superado. A aceleração da inflação, a elevação dos juros e o medo do desemprego foram os principais freios ao crescimento das vendas no varejo mesmo com o avanço da vacinação, o que acabou gerando um forte impacto negativo no valor das ações dos grandes varejistas.

No curto prazo estes papéis não devem se recuperar, mas o investidor que tiver capital disponível para alocar no médio prazo deverá colher bons resultados em 2023. A análise é de César Souza, autor do livro “O Jeito de ser Magalu” (Editora Rocco) e consultor de negócios especialista em varejo.

O Magazine Luiza (MGLU3) foi um dos mais atingidos pela “tempestade perfeita” da economia. Durante cinco anos, de 2016 a 2021, as ações do Magalu registraram uma valorização impressionante de 35.000% e a companhia chegou a valer R$ 125 bilhões, mas nos últimos 12 meses a varejista amargou uma queda de 75% no valor dos seus papéis como reflexo do quadro econômico adverso.

Suas principais concorrentes, como a Via e a Americanas, também vêm sofrendo com uma forte desvalorização, mas César Souza prevê dias melhores para o varejo e aposta: “até dezembro de 2023 as ações do Magalu deverão pelo menos dobrar de valor”.

Em entrevista à Bússola, o consultor analisa o atual retrato do Magalu e, apesar dos indicadores macroeconômicos atualmente desfavoráveis, demonstra otimismo prevendo uma recuperação já a partir do final do ano e ganhando força em 2023.

Bússola: Qual sua análise sobre o atual momento do Magalu, que vem enfrentando forte queda no valor das suas ações?

César Souza: Esta não é uma questão particular do Magalu. Os fundamentos da companhia são e seguem sólidos com modelo de negócios atrativo, uma gestão competente e profissionalizada. O Magalu tem um relacionamento muito próximo com seus clientes e uma rede de 130 mil lojistas conectados ao seu marketplace que vendem uma grande quantidade de produtos para cerca de 36 milhões de clientes na sua base.

Esta capilaridade de lojistas associada com um líder muito bem preparado, uma governança de primeira linha e um conselho de administração muito competente são pilares que não derrubam uma empresa como o Magalu. Todo setor varejista foi atingido pelo cenário macroeconômico e acredito que o Magalu tem as bases mais sólidas para atravessar a tempestade.

Precisamos levar em conta também que as ações do Magalu estavam sobrevalorizadas. Suas ações subiram muito mais do que o valor patrimonial, o que fez com que a queda fosse mais acentuada. Esta não é uma crise do Magalu. É uma crise do País que afetou todo o varejo, um segmento que, como tantos outros, já vinha sofrendo com os efeitos colaterais da pandemia.

Bússola: Acredita que o varejo irá se recuperar ainda este ano?

César Souza: Provavelmente não. Este será um ano extremamente complicado. A Selic deve continuar subindo, bem como os preços dos combustíveis e de vários outros insumos como fertilizantes, que já vinham escalando e agora devem seguir ladeira acima por conta da Guerra da Ucrânia. O equilíbrio fiscal do País também está comprometido.

Então não imagino que o varejo terá tempo para se recuperar ainda este ano. Minha expectativa é de uma melhoria na confiança do consumidor após as eleições, tendo um reflexo positivo já nas vendas na Black Friday de novembro e em dezembro no Natal.

Acredito que as ações do Magalu irão se recuperar e até dezembro de 2023 poderão dobrar de valor. Para investidores de longo prazo é recomendável agora comprar papéis do Magalu e de outras varejistas, pois estão muito baratas.

Bússola: A Guerra da Ucrânia poderá gerar algum impacto direto no setor varejista? O que podemos esperar?

César Souza: A guerra pode sim trazer reflexos negativos também para o varejo. Se as negociações avançarem rapidamente o reflexo não será tão grande. Mas se as batalhas se prolongarem, o impacto na elevação dos preços de insumos e matérias primas é inevitável, o que, consequentemente, poderá alimentar a inflação e os juros, uma combinação mortífera para o varejo.

 



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