Como a tenente Uhura mudou a diversidade da TV americana e até da Nasa

Por Danilo Vicente* 

No último 30 de julho, a atriz americana Nichelle Nichols morreu aos 89 anos. O nome dela deve significar algo para poucos brasileiros. Porém, para parte deles, os amantes da série Star Trek, sua personagem – a tenente Uhura – é um símbolo. Uhura sempre foi a face mais diversa de Jornada nas Estrelas. Mulher preta em meio a homens brancos no comando da Star Trek, foi uma personagem pioneira. O curioso é que, como na série, Nichelle teve, na vida, o mesmo valor na conquista do espaço.

Star Trek mudou a cara da TV americana. Seu elenco era interracial – mesmo com a predominância de homens brancos. No entanto, após uma primeira temporada bem-sucedida, Nichelle pediu demissão. Segundo ela, queria estrelar musicais na Broadway. Eis que um encontro com seu “maior fã” mudou sua trajetória. E, no fim das contas, a trajetória da conquista espacial norte-americana.

O fã era Martin Luther King, que convenceu Nichelle a ficar em Star Trek. “Você não vê o que esse homem (Gene Roddenberry, o diretor) trouxe? Ele mudou a cara da televisão para sempre, a menos que você vá embora”.

Nichelle voltou atrás e concordou em ficar no programa. O galáctico sucesso de Star Trek catapultou a carreira da atriz e sua personagem, a tenente Uhura, virou símbolo de Star Trek e de diversidade.

Dez anos após o fim da série, a atriz foi convidada a integrar o conselho de administração da recém-formada National Space Society. E, em seguida, veio o convite da Nasa (National Aeronautics and Space Administration, a agência espacial dos Estados Unidos) para ajudar a recrutar para a empresa mulheres e pessoas de diferentes origens étnicas.

Nichelle respondeu a John Yardley, então engenheiro da agência espacial americana, de acordo com uma entrevista à Smithsonian Magazine: “farei isso e trarei a você as pessoas mais qualificadas do planeta… e trarei em massa. E se você não escolher uma pessoa negra, se você não escolher uma mulher, se for o mesmo velho corpo de astronautas masculinos brancos que você teve nos últimos cinco anos, eu serei apenas mais uma idiota, mas serei seu pior pesadelo”.

Resultado? “Eles escolheram cinco mulheres, três homens pretos e um de origem oriental. E o programa espacial tem representado todos nós desde então”, disse Nichelle na entrevista. Charlie Bolden, que por quase oito anos foi o administrador-chefe da Nasa, era um dos três pretos recrutados por Nichelle.

Na tela ou na vida, Nichelle deixou seu legado. A tenente Uhura é mais do que uma personagem.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação



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