Como foram os 355 dias de Mark Vande Hei no espaço

Mark Vande Hei teve um ano diferente do que o resto da humanidade. Astronauta da Nasa, o norte-americano passou 355 dias na Estação Espacial Internacional (ISS) e mesmo assim teve que lidar com algumas realidades da Terra diretamente de lá, como uma ameaça do chefe da agência espacial russa, que não queria deixar Vande Hei retornar à Terra com dois cosmonautas.

Apesar das complicações, tudo deu certo e Vande Hei pousou em solo terrestre em 30 de março. Uma semana depois, ele participou de uma coletiva de imprensa no Johnson Space Center e relembrou seu (quase) um ano no espaço. As informações são do site Space.com.

“Estou muito feliz por estar de volta”, disse Vande Hei, respondendo a uma pergunta sobre se ele gostaria de ter ficado apenas mais 10 dias para completar um ano no espaço. “Se acabasse sendo 300 dias, eu ainda teria me sentido muito bem com a missão. O número de dias não era tão importante para mim.”

O astronauta bateu o recorde de voo espacial mais longo da história. O recorde anterior foi estabelecido em 2016. O astronauta da Nasa, Scott Kelly, passou 340 dias na ISS. Um fato curioso é que Kelly tem um irmão gêmeo idêntico e, na volta, os dois passaram por uma série de estudos para ver como o espaço afeta o corpo humano. “Quero que meus 355 dias sejam lembrados como o recorde que foi quebrado”, disse Vande Hei.

A bordo da espaçonave russa

Em 2018, o astronauta passou 168 dias na ISS e também voltou para casa a bordo de uma Soyuz. Foi sua primeira viagem espacial. Agora, ele reflete sobre o que foi diferente:

“Eu não tinha tantas responsabilidades na espaçonave russa desta vez. Da última vez eu era o copiloto; desta vez eu estava no mesmo assento que poderia ter sido um assento de turista, então eu tinha muito pouco a fazer, o que me deu uma muito tempo para olhar pela janela e observar. E isso foi realmente uma experiência bastante agradável para mim, perceber coisas que eu não havia notado antes”, disse Vande Hei em resposta a uma pergunta do collectSPACE.com.

Apesar das tensões entre Rússia e Estados Unidos por conta da invasão russa à Ucrânia, o conflito não atingiu os cosmonautas Anton Shkaplerov e Pyotr Dubrov, que acompanharam Vande Hei na viagem de volta à Terra. Como afirmou a Nasa no final de fevereiro, ambos os países seguiam trabalhando “tranquilamente no espaço”.

Aliado do presidente russo Vladimir Putin e chefe da Agência Espacial da Rússia, Dmitry Rogozin, fez ameaças em um vídeo nas redes sociais após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmar que iria barrar a exportação de itens de alta tecnologia. Rogozin alegou que iria deixar Vande Hei na ISS, mas, o astronauta e os dois cosmonautas pousaram tranquilamente no Cazaquistão como planejado.

Mark Vande Hei da NASA e os cosmonautas Anton Shkaplerov e Pyotr Dubrov dentro de sua espaçonave Soyuz MS-19 depois de pousarem no Cazaquistão (Bill Ingalls/NASA/Getty Images)

Lições no espaço

Vande Hei disse que uma das principais lições que aprendeu ao passar tanto tempo no espaço foi a necessidade de lidar com sua saúde mental. O astronauta contou que se esforçou para conversar consigo mesmo e arranjar tempo para meditar.

“Acho que isso [meditar] realmente me ajudou a ter mais consciência de como eu estava reagindo às coisas e, às vezes, apenas reconhecer isso e decidir ver as coisas de maneira diferente”, contou.

Treinos para Marte

Parte da razão de Vande Hei ter ficado tanto tempo na ISS é porque a Nasa quer entender como o corpo humano vai lidar com estadias de longa duração. Os astronautas da Nasa vão, nos próximos anos, viajar para a Lua na missão Artemis (da qual o Brasil faz parte) e, eventualmente, chegar até Marte.

Para o astronauta, seus 355 dias no espaço mostram que é possível. “Esta missão certamente melhorou minha percepção da viabilidade das pessoas sobreviverem por muito tempo no espaço”, disse.

Além do tempo lá, o corpo de Vande Hei faz parte do experimento e será estudado pela agência espacial. “O que é satisfatório é que minhas contribuições para esses dados ajudarão as pessoas a explorar mais.”

Por último, ao ser questionado sobre como é voltar ao planeta Terra uma segunda vez, o astronauta revela:

“Eu realmente pensei que levaria comigo essa perspectiva única ou apreciação por todas as coisas novas sobre estar no planeta depois de tanto tempo longe. Mas estou me adaptando tão rápido. Está se tornando um pouco decepcionante o quão normal parece. Eu meio que quero que pareça mais estranho estar de volta, mas estou chocado com a rapidez com que está se tornando normal”, disse.

 

 

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