Contrabando, armas e ex-KGB: conheça o time que venceu o Real Madrid

Edmund Addo se jogou em uma pose de criança no meio do campo, sua testa tocando a grama, seus braços estendidos à sua frente, um gesto de súplica e agradecimento. A cerca de 60 metros de distância, a euforia dominou seu companheiro de equipe Giorgos Athanasiadis, as pernas dobrando enquanto dois colegas tentavam ajudá-lo a se levantar. O treinador deles, Yuriy Vernydub, dançou na lateral do campo.

Eram todos recém-chegados ao Sheriff de Tiraspol: Addo, um meio-campista ganês, e o goleiro grego Athanasiadis haviam ingressado ao elenco neste verão; Vernydub os antecedeu apenas por um ano. Ainda assim, eles sabiam o que isso significava para sua equipe, que estava esperando por este momento por duas décadas. E eles sabiam o que isso significava para eles. Eles mudaram suas vidas para se mudar para um país que tecnicamente não existe, para jogar por um time sediado em um território disputado, um lugar em tons de cinza separado do resto do mundo. Agora, depois de derrotar o Dinamo Zagreb, campeão croata, eles tiveram sua recompensa: Addo, Athanasiadis e o resto do Sheriff estariam na Liga dos Campeões.

No dia seguinte, eles conheceriam as identidades de seus adversários: Shakhtar Donetsk (contra quem estrearam vencendo em casa por 2 a 0), Inter de Milão e, o melhor de tudo, Real Madrid, todos viriam para a Moldávia, o país mais pobre da Europa, para competir na mais venerada, a mais rica, a mais famosa competição para qualquer clube de futebol. Na verdade, mais ou menos. E não é só porque o jogo desta terça-feira, o segundo da equipe na Champions, foi no Santiago Bernabéu contra o Real Madrid. Nem mesmo porque o time já fez história. A equipe venceu o time merengue por 2 a 1, gols de Yakhshiboev e Thill; Benzema fez o do Madrid. Na quinta rodada, os merengues visitarão Tiraspol.

Conto de fadas com tons de cinza

À primeira vista, a história do Sheriff pode ter o ar de um colorido conto de fadas, mas os detalhes são reproduzidos em tons de cinza. Tiraspol, a cidade onde o time está sediado, pode estar na Moldávia, ao menos no entendimento da UEFA, o órgão governante do futebol europeu. O Sheriff pode ser o atual, e essencialmente perene, campeão da Moldávia. Mas Tiraspol não se considera parte da Moldávia. É, em vez disso, a autodenominada capital da Transnístria — a República da Moldávia Pridnestrovian, mais especificamente — uma república separatista na margem esquerda do rio Dniester, uma faixa de terra de 40 quilômetros de largura com sua própria moeda (a Rublo da Transnístria), sua própria bandeira (vermelha e verde, com uma foice e um martelo) e seu próprio governo (o Soviete Supremo).

O Sheriff não se encaixa facilmente no papel de azarão. Ele ganhou todos, exceto dois títulos da Moldávia neste século. Ele joga em um complexo de estádios de última geração construído a um custo de U$ 200 milhões em uma liga onde muitos de seus oponentes jogam em campos precários, cercados por terrenos baldios, para apenas algumas dezenas de torcedores. Sua equipe está cheia de atletas importados, vindos da África e da América do Sul – incluindo o lateral Fernando Constanza, ex-Botafogo, e de grande parte da Europa Oriental, enquanto seus rivais só podem se dar ao luxo de, no máximo, colocar jogadores locais em campo.



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