Eles fizeram dívidas de R$ 10 mi em 2020. Agora, devem faturar R$ 350 milhões com cafés e hot-dog

O café tem atraído um público cada vez mais ávido por novos aromas e estilos. Para quem é do setor, o caminho a seguir é parecido com o percorrido pelas cervejas artesanais na década passada, com a introdução de novas experiências, cafés especiais e o estímulo à degustação. E a Cheirin Bão está vivendo este bom momento do setor.

A rede de cafés especiais e guloseimas mineiras cresceu 80% em número de unidades abertas entre 2021 e 2022. Segundo dados da ABF, a rápida expansão fez a empresa saltar da 98ª para a 45ª posição entre as maiores franquias do país

O negócio foi criado em São Lourenço, cidade mineira na região da Serra da Mantiqueira, entre o final de 2015 e o começo de 2016. No plano de negócios, apenas doce de leite, café e pão de queijo. 

“O mercado não aceitou tanto o modelo. Nós tivemos que parar e reformular todo o negócio, incluindo o nome: de cafeteria para empório mineiro Cheirin Bão”, afirma Eduardo Schroeder, sócio-fundador da rede. O cardápio encorpou e recebeu mais de 90 itens.

Como surgiu a Cheirin Bão

Schroeder começou no mundo dos negócios cedo, cuidando de um comércio de produtos de papelaria da família em Teófilo Otoni. Quando escolheu pela graduação em direito, o caminho idealizado era o concurso público, mas um estágio em um escritório de advocacia especializado no universo de franquias fez com que mudasse de planos. 

Em um dos clientes no interior de Minas, conheceu Wilton Bezerra, um profissional que prestava consultoria de gestão de negócios para a empresa. Paulista, Bezerra entrou no empreendedorismo por necessidade. Aos 9 anos, ele já vendia cocada para ajudar na renda da família, trabalhou em lanchonete, virou representante comercial e depois consultor estratégico. 

Das conversas e trocas enquanto atendiam o cliente, saiu o desejo de empreenderem juntos, “um casamento”, brincam, que já dura quase 10 anos. O Eduardo já tinha um restaurante de carnes e cervejas especiais. Daí para o negócio de cafés especiais e para o nascimento da Cheirin Bão foi um pulo. 

Assim como outras redes franquias, a Cheirin Bão investiu em cafés 100% arábica, espécies conhecidas pela intensidade dos sabores, variação dos corpos e acidez. Os grãos são oriundos tanto de fazenda própria quanto de produtores parceiros, ambos localizados na região da Serra da Mantiqueira.

Quais os produtos que fazem mais sucesso na rede

Além dos cafés e cappuccinos, o que movimenta as lojas da rede são produtos como sanduíche de waffle, com massa de pão de queijo, e o “hot dog mineiro”, feito com um biscoito de pão de queijo, linguiça em substituição à salsicha e molho de barbecue com goiabada. 

Hot-dog mineiro: biscoito de pão de queijo, linguiça e molho barbecue com goiabada (Cheirin Bão/Divulgação)

“A Cheirin Bão é uma empresa que leva em consideração a tradição do interior do país e a gente precisa transformar esses ingredientes em produtos que sejam mais urbanos”, afirma Bezerra, também CEO da empresa. “Então, estamos misturando tradição com originalidade e inovação”. 

Ao longo do tempo, os sócios perceberam que os produtos agradavam o público feminino e fortaleceram a estratégia. O cardápio ganhou bebidas produtos mais instagramáveis, sobremesas e uma pitada a mais de açúcar. O tíquete médio saltou de R$ 19,90 para 37,50 e hoje 70% do público é formado por mulheres e casais. 

Quando o negócio acelerou o crescimento

O negócio caminhou bem até o começo de 2020, acumulando cerca de 200 fraquias entre unidades contratadas e em operação. Mas a virada veio na pandemia. Em meio ao desespero provocado no mercado pela crise sanitária, os sócios decidiram pensar em como a empresa estaria no pós-pandemia. 

Em vez de reduzir os gastos, a Cheirin Bão acelerou o desenvolvimento da empresa, construiu novos cardápios e lançou 70 produtos, parte deles na chamada cozinha afetiva, e reforçou a relação com fornecedores. Em agosto de 2020, o negócio acumulava R$ 10 milhões em dívidas. 

“Nós financiamos os franqueados, parcelamos o estoque em 10 vezes e deu prorrogação de royalties durante seis meses. Fizemos o que precisava para quando a gente voltasse”, diz  Bezerra. A receita parece ter funcionado e a rede fechou o ano seguinte com faturamento de 200 milhões de reais, valor que subiu para R$ 300 milhões em 2022. 

  • Para este ano, a expectativa é de manter a toada de 100 milhões, alcançando R$ 400 milhões
  • Como o ano começou de lado,  o cenário menos otimista é de R$ 350 milhões
  • Em números de franquias, a expectativa é bater a marca de 1.000 lojas, no total entre contratadas e operacionais 
  • A rede atual soma 800 lojas, 511 delas abertas ao público 
  • Cada franquia sai por 289 mil reais e o taxa de retorno é estimada em 15 meses

Como os sócios enxergam a empresa no longo prazo

Os cálculos miram uma meta maior, 2.000 lojas até 2026. A estratégia passa por crescer a presença em mercados como São Paulo e por cidades do interior. Hoje, o negócio está mais concentrado no Rio de Janeiro e no norte do país.

Considerando o universo das franquias, o objetivo é audaciosa para um negócio novo, com menos de 10 anos de vida. A maior rede de franquias do Brasil, a Cacau Show, tem 3.700 lojas e levou mais de 20 anos para desenvolver toda a rede. 

Além disso, redes de café têm cada vez mais concorrência. A Mais.1 Café, do Paraná, por exemplo, abre uma franquia a cada 30 horas e prevê 3.000 lojas no intervalo de 10 anos. 

Segundo levantamento da ABF, no primeiro trimestre deste ano, o país contava com 54 redes, donas de 5.152 unidades. O número representa crescimento de 72% em relação ao primeiro semestre de 2022. 

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