Embalixo investe R$50 milhões para aumentar uso de plástico reciclado no produto em 70%

Como uma empresa que vende um produto de plástico pode se aliar as práticas de redução do material? É esse tipo de questionamento que está no radar dos líderes da Embalixo, fabricante de sacos de lixo. Fundada há 20 anos por João Costa, a empresa familiar de Hortolândia, no interior de São Paulo, pretende que 70% da matéria-prima seja plástico reciclado em até cinco anos — atualmente 20% é insumo reciclado. Para isto, a Embalixo anuncia o investimento de 50 milhões de reais na construção de uma usina própria.

“A indústria do plástico não é vilã, mas precisa fazer parte da solução na economia circular. Pensando nisto, estamos instalando os maquinários para a inauguração da usina de recilagem em julho. Também estamos fortalecendo parcerias com indústrias e varejos para recebermos os plásticos que seriam descartados”, afirma Rafael Costa, diretor comercial da Embalixo em entrevista à Exame. Atualmente, a recicladora própria recebe aparas e materiais que seriam perdidos no processo de produção.

Plásticos retirados dos oceanos

Desde o início da pandemia da covid-19, a Embalixo tem estudado e lançado uma diversidade de produtos com apelo socioambiental. Em julho de 2020, por exemplo, foi desenvolvido, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um plástico antiviral comercializado e doado para o uso em hospitais da região.

Já no ano passado, após se tornar signatária do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, a companhia aderiu ao movimento Blue Keepers, iniciativa de combate à poluição crônica do oceano e bacias hidrográficas por resíduos sólidos. No Brasil, cerca de 2,3 milhões de toneladas do material, ou 67% de todo o plástico que pode chegar aos mares brasileiros por ano, podem vir de bacias hidrográficas de alto risco. “Ali iniciamos também a parceria com o Instituto Argonautas para entender como poderíamos atuar em cidades litorâneas”, diz Costa.

A primeira compreensão foi sobre a baixa coleta de plásticos flexíveis pelos catadores, por questões de volume e renda. “O material precisava ser mais atrativo para eles”. Assim, um trabalho foi estruturado para que três cooperativas passassem a coletar o plástico no mar, os separassem por tipo e recebessem mais na venda. “Estamos pagando 50% a mais do que eles normalmente receberiam. Também estamos promovendo a conscientização da importância da separação, por exemplo, para a geração de maior valor agregado e aumento do interesse da indústria”.

Atualmente, 10 milhões de reais estão sendo investindos para o uso de plástico retirado dos oceanos. A companhia já conseguiu lançar a linha Oceanos e visa retirar 150 toneladas de plásticos dos mares nos próximos 12 meses. “Tivemos cerca de 40 funcionários dedicados ao desenvolvimento do produto. É uma iniciativa significativa para a indústria, visto que estamos dando escala ao saco de lixo produzido com esse tipo de plástico”.

Rafael Costa, diretor comercial da Embalixo. Foto: Divulgação (Embalixo/Divulgação)

Inovação

Para Costa, os desafios de inovação começam na percepção do brasileiro sobre o entendimento do produto. “Muitos ainda não entendem que o saco de lixo é mais resistente e próprio para os diferentes tipos de resíduos do que uma sacola plástica do supermercado, por exemplo. Nestes 20 anos de empresa, buscamos inovar e comunicar a importância do item para a higiene e até mesmo a saúde”, diz.

De olho no mercado, a Embalixo, que espera faturar 360 milhões de reais em 2024. Entre os produtos que contribuem com a receita estão um sacos veganos, que não utilizam tintas de origem animal; sacos com repelentes de mosquistos e sacos com alças. “Consideramos que 45% dos nosso produtos hoje são inovadores e vão além do tradicional saco de lixo. Isto nos permite crescer e conquistar consumidores com diferentes necessidades”.

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