Empresas brasileiras visitam porto marítimo de Dubai: descarbonização é desafio em comum

De Dubai*

Cerca de 20 executivos brasileiros, de seis companhias do setor marítimo e de portos, tiveram a oportunidade de visitar nesta quarta-feira, 6, a sede da portuária DP World, em Jebel Ali, Zona Franca de Dubai. Os executivos, que estão na cidade por conta da COP28, participaram da agenda promovida pelo Pacto Global da ONU no Brasil.

Thierry Vantomme, head de desenvolvimento de negócios da DP World, e Ebtesam Alkaabi, head de vendas da DP World, explicaram o tamanho da operação com mais de 106.500 funcionários espalhados por 73 países em seis continentes e, especialmente, como os brasileiros podem ampliar os negócios em Dubai.

Para os executivos dos Emirados Árabes Unidos é imporante construir uma relação de confiança a partir de várias visitas e xícaras de chá compartilhadas”, diz Vantomme. De acordo com ele, uma empresa que conseguiu fazer isto na região é o Grupo Boticário. “Consequentemente, o grupo tem seus produtos vendidos em diferentes shoppings do país. Acredito que eles tenham uma pessoa aqui o tempo todo. É este tipo de ação que esperamos de uma empresa que tem interesse em crescer na região”. 

Atualmente, cerca de 20 empresas brasileiras têm parcerias diretas com a DP World em Jebel Ali, mas outras mais atuam por meio de parcerias com empresas de outros países. “Acredito que para esse número aumentar precisamos superar desafios culturais e da língua”, diz Vantomme.

A importância do porto de Dubai

Nos corredores da COP28, um dos temas mais discutidos é a transição energética e o uso de combustíveis fósseis. Mas, para Vantomme, outros temas estão em jogo uma vez que 3% do PIB de Dubai é referente ao petróleo. “A questão de  Dubai é da logística como um todo, visto que este é o 12º maior porto do mundo. Para se ter ideia, o porto de Los Angeles é menor do que o de Dubai. Neste caso, estamos falando além do petróleo, de todos pontos que envolvem a operação”, diz.
Neste contexto, o Brasil é o maior exportador da América Latina com produtos que passam por Dubai, especialmente grãos, itens agropecuários em geral e maquinário. O país movimenta cerca de 3 bilhões de dólares em Dubai.

O porto na Zona Franca de Jebel Ali (Jafza) é essencial para a economia local: a estimativa é que 156 bilhões de dólares tenha passado pelo local em 2020. É por lá que chegam os grandes navios de outras partes do mundo para a distribuição, em navios menores, dos itens para os Emirados. “A importação não costuma ficar mais de dois dias no container. Conseguimos acelerar o processo cada vez mais por conta da tecnologia”, diz Vantomme em resposta à um dos executivos brasileiros que participaram da visita.

Operações marítimas e a conexão com o clima

Considerando que o setor marítimo é responsável por 3% das emissões dos gases de efeito estufa no mundo, o Pacto Global da ONU no Brasil lançou, em julho, o Grupo de Trabalho Negócios Oceânicos. “O GT do Pacto Global tem 84 companhias discutindo, compartilhando experiências e pensando em soluções para o Brasil atingir os acordos internacionais e propor metas nacionais. No Brasil, o setor portuário tem um papel fundamental no esforço da descarbonização da indústria, sobretudo em acelerar nas cadeias de siderúrgicas, químicas, cimenteiras, entre outras”, diz Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil.

Ainda de acordo com ele, as empresas perceberam a oportunidade na descarbonização. “Há um interesse no uso de combustíveis verdes na exportação. As empresas do agronegócio, por exemplo, perceberam que para colocar um produto de baixo carbono no mercado será necessário pensar em toda a cadeia e infraestrutura”, afirma.

Para Rubens Filho, gerente da Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU no Brasil, a visita pode fortalecer a busca pela redução nas emissões, uma vez que a DP World tem metas de neutralização de CO2 até 2040. “O que a gente busca, idealmente, são as emissões zero por parte das embarcações e dos portos. Assim, a visita na DP World é fundamental para entendermos a operação de um porto como este, e o que podemos aproveitar no Brasil para buscar eficiência em toda a cadeia”, diz.

Outro ponto abordado é o da falta de normas no setor. “O Brasil não tem normas para o setor portuário em relação ao clima e nem financiamento para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Queremos montar um guia brasileiro para a criação de diretrizes, financiamentos e soluções práticas”, finaliza.

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