Fusões, CVC e fundos regionais: o futuro das startups latinas, segundo estudo da McKinsey

Nos próximos anos, o ecossistema de inovação e startups da América Latina irá testemunhar o crescimento de novas modalidades de investimento e a proliferação de fundos de venture capital regionais, capazes de disputar páreo a páreo por participações cada vez mais significativas em rodadas de investimentos em startups locais.

Essa é uma das conclusões de um estudo da consultoria de tecnologia McKinsey, que buscou traçar as principais tendências para o empreendedorismo latino no curto prazo. A pesquisa consultou 200 startups proeminentes da região, bem como 300 funcionários dessas empresas e cerca de 300 líderes de mercado — incluindo fundadores de empresas e líderes de fundos de venture capital e corporate venture capital (CVC).

Quais são as principais tendências para startups Latam

Ainda que tenham encarado uma redução agressiva no volume de investimentos de risco, as startups latinas seguem crescendo e multiplicando suas receitas. De acordo com o estudo, 54% das pequenas empresas brasileiras cresceram mais de 90% em 2022. Nos demais países da América Latina, a média foi de 44%.

Agora, com a seca do venture capital, a região está prestes a vivenciar uma diversificação de modalidades de investimentos e associação com startups, ancorada pela ascensão de veículos voltados para o corporate venture capital (CVC) e também pelo aumento substancial de fusões e aquisições entre empresas, avalia Marina Mansur, sócia da McKinsey

A executiva foi responsável por apresentar os principais achados da pesquisa durante o Brazil at Silicon Valley (BSV).

1. Ascensão do Corporate Venture Capital (CVC)

De acordo com o estudo da McKinsey, o investimento corporativo em startups (CVC) será uma das principais tendências daqui em diante. Com a ressaca do venture capital, a modalidade tem ganhado força entre empresas que continuam enxergando a aproximação com startups como uma oportunidade a ser explorada.

No Brasil, a popularidade do CVC é mandatória. Atualmente, 83% das grandes empresas brasileiras já possuem alguma iniciativa de corporate venture capital, segundo pesquisa da ABVCap. 

Para Mansur, para que a modalidade se torne ainda mais popular, o desafio está em estabelecer níveis adequados de independência dentro dos veículos de investimento. “Os CVCs deveriam ter corpos autônomos, pois isso acelera a decisão e evita conflitos de interessa nas tomadas de decisão”, diz. A

Outro obstáculo está relacionado à ausência de indicadores claros para mensurar resultados que surgem após os acordos financeiros. Para Mansur, os CVCs ainda carecem de teses de investimento reais e de clareza sobre o retorno financeiro ou estratégico esperado com a operação. “A expectativa pode ser de curto ou longo prazo, e também pode ser relacionada ao lado financeiro ou não, mas a meta deve existir.

“Hoje os CVCs não têm cabeça de VC, e isso deve mudar”, diz.

2. Proliferação de fundos de VC

Dados do Pitchbook indicam que, em 2021, os dez fundos mais ativos da região foram responsáveis por 40% de todas as rodadas. Em 2022, esse número caiu para 2022.

Segundo Mansur, isso indica uma tendência de fragmentação do mercado de venture capital, com a proliferação de fundos de menor porte e que se dedicam a regiões específicas. “O aumento de VCs tem sido constante nos últimos cinco anos. Temos visto um “boom” de fundos menores e com relevância crescente. Essa é, sem dúvida, uma tendência”, diz.

Em outra frente, os bons resultados de fundos veteranos e com atuação já consolidada na região — a exemplo de gestoras como SoftBank, Monashees e Kaszek Ventures — também são responsáveis por impulsionar o surgimento de fundos novatos nos últimos anos, afirma a executiva. “Os grandes já estão no décimo fundo e sempre dando resultados positivos. Por isso, a ideia de criar um fundo passou a ser visto como algo viável”, diz.

“Do lado dos investidores, passar a colocar dinheiro em fundos também passou a ser entendido como algo com retorno e, com as gestoras menores , também mais democrático”.

3. Fusões e aquisições em alta

É possível que nos próximos anos a América Latina vivencie uma verdadeira “onda de M&As”, afirma o estudo da McKinsey. Com custo de sobrevivência nas alturas, a venda de empresas passa a ser não apenas uma alternativa, mas uma estratégia de sobrevivência.

Em boa medida, a busca por complementariedade em produtos e serviços, numa lógica de criação de ecossistemas completos, também levará muitos líderes de mercado a buscarem empresas adjacentes. “É uma construção de longo prazo e que nos leva a acreditar que veremos um número crescente de aquisições, mas também de fusões e aproximações estratégicas”, diz Mansur.

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