Hugo Tadeu: Você como fonte de lucro nas redes sociais

Quando você parou para ler todos os contratos e termos jurídicos ao acessar uma rede social? Essa foi a diversão deste último final de semana, quando a tentativa para a compreensão de um documento com letras minúsculas, com inúmeros termos complexos e com várias páginas foi iniciada em terreno domiciliar. Ao terminar a leitura, tive a certeza: somos fonte de dados e lucro para todas as redes sociais.

Ao conectar o seu celular ou qualquer outro dispositivo eletrônico em uma rede social, você provavelmente pode estar cedendo dados sobre a sua rede de internet, localização geográfica, se está em movimentação ou não, as principais informações de busca, compras realizadas, preferências de consumo, até mesmo sobre a sua voz e o que é dito em casa. Para as principais empresas de tecnologia estas informações realmente valem ouro.

Em um primeiro momento, a máxima do capital prevalece. Isto é, as principais empresas de tecnologia conseguem adequar os seus canais digitais, gerando conteúdo proprietário e direcionado ao perfil do usuário. Nada melhor para a produção das campanhas de marketing milionárias e obter um crescimento financeiro exponencial.

Como segundo item em análise, tem-se um potencial de fixação e uso dos principais aplicativos nunca imaginados. Dados de pesquisa de uma prestigiada universidade canadense são bem objetivos: o tempo médio em que ficamos conectados tem aumentado mais de 18% ao ano, em especial, para os mais jovens. Neste caso, existe uma ampla camada da população cedendo dados e sendo convertidas em ativos digitais valiosos.

Na sequência, sugere-se um importante desafio social. As novas gerações estão mais ansiosas e adquirindo comportamentos preocupantes. Além da obsessão pelo uso das redes sociais, os jovens adolescentes poderiam estar desenvolvendo comportamentos em manada, com baixa individualidade e repetindo aquilo que veem na internet. A pergunta é óbvia: quem cria os conteúdos digitais e para que o fazem? Qual é a sua finalidade?

Algumas entrevistas recentes com executivos de empresas de tecnologia do prestigiado Vale do Silício deixam claro que os filhos destes profissionais passam pouco tempo do dia conectados à internet, buscando desenvolver habilidades no universo da música, leitura e esportes. Ou seja, foco no mundo real e na geração de conhecimento adequado.

Finalmente, já passou da hora de um debate mais apropriado sobre o universo tecnológico, acesso às plataformas, qualidade das suas produções e autoria. Em tempos em que tudo é produzido e com livre acesso absoluto, avaliar possíveis restrições legais, verificação de qualidade, autenticidade e destino dos nossos dados deveria ser mais do que óbvio. No final das contas, o dado é nosso e teria que ser de uso pessoal.

*Hugo Tadeu é diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e Senior Advisor da Deloitte



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