Metade dos 500 ‘trainees’ na PwC são negros; entenda estratégia para aumento da equidade racial

Ao compreender a importância da equidade racial para os negócios e para a sociedade, a empresa de consultoria e auditoria PwC realiza, nos últimos anos, uma série de iniciativas afirmativas para a atração e retenção de talentos pretos e pardos. Como resultado, a PwC encerrou 2022 com cerca de 250 profissionais negros entre os “novos solvers”, algo semelhante ao trainee. Na prática, são 47.09% dos contratados. Uma evolução considerável visto que este percentual foi de 29,4% em 2018.

“Comparamos os resultado com 2018, pois este foi o ano em que começamos a estruturar mais medidas como treinamentos para a liderança, abordando questões raciais. Já no final de 2019 definimos metas de contratação de pessoas negras, e desde então só evoluímos nas práticas e no acompanhamento do trabalho e pertencimento dos profissionais”, diz Eduardo Alves, sócio da PwC. Em entrevista à EXAME, o executivo detalhou as iniciativas que podem inspirar outras empresas, independentemente do segmento de atuação. Veja abaixo:

Letramento racial: Para o executivo, um dos primeiros pontos para a mudança foi o letramento racial da liderança. Neste momento se costuma explicar questões como racismo estrutural, além de conceitos e termos racistas. “Isto foi crucial para explicar que a sociedade precisa de mudanças. O letramento gera conscientização e, consequentemente, aprimoramento de cultura da organização”.

Exigência de proficiência em inglês: Foi realizada uma avaliação para compreender em quais vagas o inglês era realmente necessário. Nas quais o candidato poderia aprender o segundo idioma depois de contratado, a exigência foi retirada. Desta forma, a PwC passou a atingir mais candidatos em potencial. Além disto, há uma parceria com a escola EF Education First.

Idade e faculdade: Foi retirada também a intenção de uma idade máxima para que os novos entrantes acessem a companhia. Outro ponto importante para a maior atração de pessoas negras foi a ampliação das universidades aceitas pela PwC.

“A questão da faculdade foi aprimorada ao ponto de ser realizada uma parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares. Na iniciativa, profissionais assumem duas horas de aula na Zumbi e têm contato com os alunos”, diz Eduardo.

A partir de então, 20 deles são selecionados para uma mentoria e estágio de três meses. A primeira edição do programa começou em 2022, quando as aulas foram dadas. Já o estágio ocorrerá neste ano.

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Black as Manager (BaM): Na PwC acontece também um programa de aceleração de carreira para profissionais negros. “Na auditoria são cerca de 16 anos até uma pessoa se tornar sócia. Para que ela vire gerente a média é de cinco anos. O programa de aceleração ajuda que mais negros cheguem a essa etapa”, afirma Eduardo.

De acordo com o executivo, 50 pessoas autodeclaradas negras já passaram pelo BaM desde 2021. No programa são abordadores temas como gestão de equipe, eficiência, inteligência financeira, etc.

Letramento para as pessoas negras: Todos os novos entrantes da PwC passam por um treinamento de dez horas sobre questões de diversidade e letramento racial. “Isto vale também para as pessoas negras. É um conteúdo global, disponível também em português, e com duração de aproximadamente dez horas. É importante lembrar que nem toda pessoa negra tem consciência sobre as questões raciais, assim o letramento é mais uma ferramenta para empodera-la”.

Parcerias: Além da parceria com a EF Education First e a Universidade Zumbi dos Palmares, a PwC busca parceria com consultorias e empresas para aprimorar os temas de diversidade e inclusão. Um exemplo disto, é a contratação da Tree Diversidade para os treinamentos internos. Outro exemplo é com a BlackRocks, startup de inovação e aceleração de líderes negros.

“Fizemos um programa de inovação e chamamos a Maitê Lourenço, fundadora da BlackRocks para nos auxiliar. A diversidade tem que ser transversal é estar presente em todos os negócios da companhia”, diz Eduardo. Também pensando nisto, ele desenvolveu um livro técnico tributarista com 36 autores, sendo todos eles negros.

Representatividade: As peças de marketing e atração de talentos passaram a ter pessoas diversas. “30.6% de profissionais da PwC são negros, isto é mais de 1.000 pessoas. Ou seja, podemos apresentar a imagem dos reais funcionários para uma pessoa, tida como minoria, se interessar em trabalhar conosco”. Em 2021, cerca de 23,4% dos profissionais da companhia se autodeclararam negros, o que também aponta uma evolução.

Na busca por talentos houve também uma iniciativa com 30 alunos do ensino médio, que foram levados ao cinema para assistir ao filme Wakanda Forever. A sessão aconteceu no shopping Iguatemi da Faria Lima, em São Paulo. Em seguida, os alunos conheceram o escritório da PwC. “A intenção é mostrar que eles podem ocupar esses espaços”.

Diversidade na companhia: A diversidade e a inclusão são estruturadas também nas frentes de gênero, LGBTI+, pessoa com deficiência e etarismo. Ter pessoas dedicadas ao tema, assim como voluntários, é essencial para o engajamento dos funcionários, do CEO aos entrantes.

 

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