Na casa do futuro da Capsu, o cliente compra no app e recebe pronto por delivery

Projetada em 1927 pelo arquiteto Gregori Warchavchik, a Casa Modernista, localizada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, é o primeiro projeto que ensaia o morar moderno no Brasil. Antes dela, a disposição dos cômodos e fachadas eram derivações da execrada “casa grande” das fazendas de café e cana; quando não, replicações das moradias dos centros europeus que, para o clima brasileiro, eram escuras e abafadas. Retirar os arabescos, colocar o concreto armado, a ventilação cruzada, com brises e janelas assumindo o papel decorativo, hoje comum, foi o ápice da disrupção tecnológica da arquitetura do século 20, ainda que o termo não se aplique às inovações daquela época.

A Casa Modernista ainda se mantém, em toda a sua forma, como a casa contemporânea. Mas há mudanças em curso, como as propostas pela Capsu, uma empresa liderada por Mauricio Adorno e Diogo Roberte, cofundador do PicPay, que deu uma guinada na direção dos seus negócios e levou a inovação, que há pouco gerou nos meios de pagamento pela fintech que criou, para o que ele acredita ser o futuro da moradia desta e das próximas décadas.

No caso, a Capsu é uma casa modular de madeira, vendida pela internet, e que fica pronta em 3 meses com preços a partir de R$ 680 mil. Ao ser entregue para o cliente na carreta de um caminhão, ela se apresenta como uma solução para o adensamento das cidades e a perda de espaço, agregando soluções construtivas sustentáveis, acessíveis, mas ainda conectadas ao mundo digital. Com metragens adaptáveis, as duas primeiras unidades foram entregues em Campinas (SP) e Domingos Martins, no interior do Espirito Santo.

Casa do futuro: a Capsu pode ser encomenda com preços a partir de R$ 680 mil (Leandro Fonseca/Exame)

O negócio se volta, por assim dizer, aos preceitos do casal americano Charles e Ray Eames, pioneiros do Modernismo Mid Century e criadores de uma série de móveis e utensílios de casa nos formatos usados atualmente. Para eles, a máxima do design doméstico era seguir o simples, natural e barato. Roberte fez uma proposta a mais, e adicionou a personalização e o essencialismo, para o qual toma inspiração no minimalismo japonês.

“Em construções tradicionais, o cliente pode ser atraído por belos folhetos, iluminações incríveis e outros detalhes apresentados pela construtora, mas, ao entrar no apartamento, não vê os elementos que alimentaram seu imaginário. A ideia da Capsu é inverter a lógica e começar a construção pensando no usuário. O que é importante para ele? O que ele valoriza em sua moradia? Por isso ela é “plug and live”, ou seja, conectada com a vida do morador e com uma entrega simplificada”, afirma Roberte.

Completa de fábrica: módulo vai com todos os itens necessários para entrar e morar (Leandro Fonseca/Exame)

Por isso mesmo, a Capsu sai da montagem com todos os itens necessários, incluindo cerâmicas, eletrodomésticos e móveis, alguns deles assinados por artistas parceiros ou de marcas que consideram critérios ESG na fabricação dos acessórios.

“Atualmente, oferecemos uma versão completa que inclui diversas características, como sistema de segurança, tecnologia avançada de conectividade e a capacidade de ser transformada em um Airbnb”, diz Roberte.

O público-alvo, claro, são aqueles mais abertos à inovação, mas também que se encaixem na faixa de renda que comporta a compra de uma segunda casa, considerando que a Capsu tem o plano de ser uma moradia para ser instalada longe dos grandes centros.

E, ampliando o conceito de personalização, a empresa também oferece o “Capsu frame”, versão que leva apenas a estrutura básica do módulo. Em contraste com o modelo inicial, essa versão dá ao cliente a liberdade de modelar e decorar o espaço como desejar.

Futuro sob madeira

A Capsu é fabricada com um material considerado pelo setor de construcão como o concreto armado do futuro. Trata-se de uma madeira laminada cruzada em blocos, capaz de substituir o cimento até mesmo na construção de lajes inteiras em arranha-céus, devido à sua rigidez e durabilidade.

Chamada de CLT, a espessura dessa estrutura varia dependendo da altura do prédio: quanto mais alto, mais grossa deve ser a chapa.

Construção em CLT: lâmina de madeira é vista como o futuro da construção sustentável (Leandro Fonseca/Exame)

O projeto mais notável em CLT no Brasil é a sede da Dengo Chocolates, na Avenida Faria Lima, em São Paulo. A edificação sustentável possui quatro pavimentos e 1,5 mil metros quadrados de área construída.

No plano futuro da Capsu, há também a ideia de se tornar um fornecedor de soluções em CLT, à medida que mais projetos arquitetônicos ESG surjam.

Negócios que se cruzam

Para Roberte, a essência da Capsu bebe um pouco do que ele aprendeu na jornada dentro do PicPay, considerando que os negócios partem de necessidades fundamentais do ser humano.

Ele dá o exemplo: “A troca de bens e serviços, seja através de dinheiro ou escambo, é uma prática que existe há centenas de anos e que continua evoluindo. No PicPay, tivemos a chance de contribuir para essa evolução.”

A lógica segue a mesma para a moradia. “Desde as cavernas até as casas modernas, o lar sempre desempenhou um papel crucial como um lugar de proteção. A casa é o centro do ser humano e pode definir quem ele vai ser”.

Na Capsu, a casa do futuro define com o que ele se importa.

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