O coworking que eles criaram na garagem de casa superou a pandemia, faz R$ 10 milhões e vai expandir

Num modelo de negócio cujo foco é colocar pessoas para dentro dos escritórios, como é o caso dos coworkings, a pandemia foi um grande balde de água fria. 

Antes de estourar a crise de covid-19, os coworkings estavam de vento em popa. De 2015 para 2019, o número de espaços colaborativos para trabalhar saltou de 238 para 1.497, segundo levantamento do site Coworking Brasil. Com um 2020 vivido praticamente todo de dentro de casa, porém, o setor enfrentou uma crise violenta. 

Na Eureka, coworking criado em São Paulo em 2014, a pandemia apareceu num momento de forte expansão da empresa.

O casal fundador Daniel e Fanny Moral tinha acabado de pousar no Brasil depois de inaugurar uma operação da Eureka em Portugal quando a pandemia irrompeu.

“Quando voltamos para São Paulo, o pessoal estava usando máscara no aeroporto”, diz Daniel. “Foi um banho de água fria no setor. Sempre fomos muito otimistas, mas as restrições se estenderam bastante. Conseguimos sobreviver porque tínhamos contratos com grandes empresas que mantiveram os pagamentos conosco”.

Passada a tormenta, a Eureka encara agora um novo momento — otimista — para os coworkings. O modelo de negócio entendeu que pode abraçar uma demanda ainda aquecida de empresas que estão trabalhando hibridamente e precisam de espaços para reuniões ou para se encontrar algumas vezes na semana. 

“Este é o ano da virada”, diz o empresário. “Tivemos anos de pé no chão depois da crise da pandemia. Esperamos recuperar nosso caixa e a saúde financeira da empresa. Agora que recuperamos, vamos expandir. Estamos de volta a como éramos em 2019”. 

No ano passado, a empresa faturou 10 milhões de reais.

Qual é a história da Eureka

Morador da Chácara Klabin, Daniel Moral cresceu na região e viu que, com a modernização do espaço, as pessoas passaram a perder o contato entre si na rua. Em 1999, quis montar algo que juntasse novamente as pessoas. À época, criou um portal na recém-nascida internet para movimentar o bairro.

O portal, que virou revista depois, era um projeto paralelo à carreira de Daniel como analista de sistemas em instituições financeiras, onde encontrou sua esposa e futura sócia, Fanny.

“Em 2013, bem depois da ideia da Chácara Klabin, tinha acabado de ter um filho e entendi que era a hora de sair do mundo corporativo e se dedicar 100% ao empreendedorismo”, afirma. 

Logo na saída do banco, fundou um projeto que realizava passeios turísticos de bicicleta por São Paulo. “Naquela época, eu tinha a revista, o portal, e o projeto de bicicleta, mas não tinha espaço para montar esses negócios fisicamente”, diz. 

Daniel e Fanny moravam numa casa com uma garagem grande, inutilizada. A saída foi criar um escritório ali mesmo. Aos poucos, outros negócios foram ocupando o espaço, de maneira corporativa. Foi assim que nasceu a Eureka em 2014. 

Como na época o modelo de negócio ainda engatinhava no Brasil, Daniel foi estudar sobre o assunto. O benchmark foi a WeWork em Nova York. 

“Voltamos de Nova York inspirados, pegamos o primeiro andar da casa, transformamos a cozinha em sala de reunião. Em pouco tempo, a casa inteira estava ocupada, e fomos também para a casa do lado”. 

Foi assim por três anos, até que a Eureka ganhou um novo e importante passo ao abrir uma área de cinco andares na Avenida Paulista. Em 2019, com todos os espaços ocupados, a Eureka também expandiu para Campinas e começou um movimento de internacionalização com a operação em Lisboa. Foi aí que uma pandemia apareceu no meio do caminho.

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Como a Eureka atravessou a pandemia

O principal fator que fez a Eureka continuar funcionando durante a pandemia foi uma estratégia adotada ainda antes da crise de covid-19. “Nunca focamos somente em pequenas empresas. Tínhamos clientes grandes, como CVC, Sympla e Quinto Andar. Empresas grandes que conseguiram manter o contrato conosco”. 

Apesar disso, não foi um momento fácil para a Eureka. Os pequenos negócios realmente saíram das unidades e a receita caiu pela metade. A estratégia foi manter o pé no chão. Um modelo cauteloso, de certa forma diferente da inspiração WeWork, que cresceu pisando no acelerador e enfrenta crises desde 2019, quando passou por um conturbado processo de IPO que derrubou o fundador da empresa, Adam Neumann.

Aos poucos, porém, as coisas foram se restabelecendo. A procura voltou a aumentar, principalmente por empresas que estavam mudando o entendimento de suas operações físicas, e já não viam mais razão de ter grandes escritórios próprios. 

“A principal procura depois que a pandemia arrefeceu foi no modelo híbrido”, diz. “Inclusive com empresas que chegaram a devolver espaços durante a crise, e que voltaram, mas agora apenas alguns dias por semana”. 

Quais são os próximos passos da Eureka

Atualmente, a Eureka está com 90% de ocupação. Agora, voltará a investir. A ideia é abrir novos espaços em São Paulo e também em Lisboa.

“O maior desafio do nosso modelo é o custo fixo, que é o espaço”, diz. “Na pandemia, com a alta do IGP-M, desestabilizou muito. Tivemos que fazer muitas negociações, e isso continua até hoje. Mas estamos conseguindo negociar e crescer”. 

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