Plataforma de gelo do tamanho da cidade do Rio se desprende na Antártida

Uma calota de gelo com superfície equivalente à da cidade do Rio de Janeiro se soltou totalmente na semana passada na região leste da Antártida, durante a onda de “calor” sem precedentes que afetou a região, informaram cientistas nesta sexta-feira (25).

“Colapso total da plataforma de gelo Conger na Antártida do leste em 15 de março [cerca de 1.200 km²]”, afirmou a cientista da Nasa Catherine Colello Walker, ao publicar no Twitter imagens de satélite do ocorrido.

A superfície equivale aproximadamente ao tamanho das cidades de Los Angeles, nos Estados Unidos, Rio de Janeiro, no Brasil ou de Roma, na Itália, mas ainda está muito distante dos maiores icebergs.

A plataforma situada na região conhecida como Terra de Wilkes havia começado a se desintegrar há muito anos, mas, na semana passada, registrou o “seu colapso final”, assinalou à AFP Jonathan Wille, do Instituto de Geociência Ambiental de Grenoble, na França, sugerindo uma “relação” com a onda de calor “sem precedentes” que assolou o continente gelado na semana passada.

De acordo com o Centro Nacional do Gelo dos Estados Unidos (USNIC, na sigla em inglês), a agência americana que monitora o gelo flutuante, a desintegração dessa plataforma deu lugar a um iceberg de quase 30 km de comprimento e 18 km de largura, chamado de C38, que depois se rompeu em dois pedaços.

Imagem de satélite divulgada pelo Centro Nacional do Gelo dos Estados Unidos (USNIC) mostra o iceberg C-38, que colapsou da plataforma de Conger na Terra de Wilkes, no leste da Antártida

Imagem de satélite divulgada pelo Centro Nacional do Gelo dos Estados Unidos (USNIC) mostra o iceberg C-38, que colapsou da plataforma de Conger na Terra de Wilkes, no leste da Antártida (AFP/AFP)

A formação de icebergs, conhecida como “nascimento”, é um processo natural, mas o aquecimento da atmosfera e dos oceanos contribuem para acelerá-lo, segundo os cientistas.

E “o colapso da calota de Conger é mais significativo, porque coincide com um fenômeno de calor extremo”, destacou à AFP Peter Davis, oceanógrafo do centro de pesquisa British Antarctic Survey.
Um “nascimento” não significa necessariamente a desintegração total de uma calota de gelo, nome que recebe a extensão dos glaciares sobre o mar.

Esta não é a primeira vez que uma plataforma de gelo da Antártida se desintegra por completo. Em 2002, a plataforma Larsen B, muito maior, colapsou, mas ela estava na Península Antártica, do outro lado do continente.

A plataforma de Conger “pode ser menor, mas está na Antártida Oriental, uma região que acreditávamos ser menos vulnerável”, tuitou Andrew Mackintosh, da Universidade de Monash, na Austrália. “Isto é um alerta”, frisou.

A parte leste do continente gelado, cujo manto contém gelo suficiente para elevar o nível do mar em dezenas de metros, sofreu na semana passada uma onda excepcional de calor que surpreendeu os cientistas, com temperaturas até 40°C acima dos padrões sazonais.

Não é possível, no momento em que acontece um fenômeno, atribuí-lo à mudança climática, mas a intensificação das ondas de calor está alinhada com as previsões dos cientistas.

De maneira geral, a Antártida, assim como o Ártico, está esquentando mais rapidamente do que a média global, com uma elevação de aproximadamente +1,1°C desde o período pré-industrial.

“Se esta onda de calor é um prenúncio das futuras condições na região, então este ‘nascimento’ é muito significativo e os cientistas farão o possível para entender como estes dois fatos estão relacionados”, insistiu Peter Davis.

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