Retorno ao Crossfit após artroscopia do quadril

Estar afastado do esporte é um dos piores pesadelos na vida de qualquer atleta, seja dos amadores ou profissionais, e conviver com as dores não é uma opção para quem quer ter qualidade de vida e manter o desempenho nas atividades. Foi pensando nisso que a personal trainer Pamela Pereira e a administradora Evelyn Kaio buscaram ajuda para tratar problemas no quadril causados pela Síndrome do Impacto Femoroacetabular que poderiam evoluir para quadros de degeneração da cartilagem, como é conhecida a artrose.

Ambas possuem a mesma paixão, o Crossfit. A modalidade caiu no gosto popular por promover queima de gordura e definir músculos em uma proposta estimulante de exercícios que combinam movimentos funcionais e de alta intensidade que buscam sempre a superação pessoal do atleta.

Com 31 anos, Evelyn aderiu à prática por volta dos 25. Ela que sempre teve uma vida sedentária, encontrou motivação no esporte. Conta que começou leve, mas com o tempo as cargas foram aumentando e as dores no quadril direito surgiram após um ano no esporte, principalmente em exercícios que envolviam o agachamento.

“Eu comecei a sentir dores e fiquei três anos me machucando, mas não sabia o que era. Fazia exercícios adaptados, procurava médicos, mas não resolvia. Eu parava por alguns meses, retornava e logo as dores voltavam”, conta a administradora.

Com sintomas semelhantes aos que Pamela sentia e sempre ativa, a personal trainer praticou karatê dos 2 aos 23 anos e nesse meio tempo também foi atleta de handebol, dois esportes com muito impacto. Há seis anos, conheceu o Crossfit.

O desconforto na região da virilha começou há três anos, mas foi ignorado até que uma lesão no músculo adutor do quadril a afastou de uma competição. “Em um determinado exercício, eu senti uma fisgada muito forte. Neste dia fui para o hospital, no raio-x não apareceu nada. Fiz uma ressonância, levei ao especialista e na consulta descobri que tinha uma lesão de labrum grande. Eu nem sabia que isso existia!”, conta.

Cerca de um ano depois, com dores na coluna lombar, Pamela voltou a procurar ajuda. “Comecei a sentir muita dor na minha lombar. Eu agachava pesado, sentia dor. Eu agachava leve, sentia dor. Eu fazia deadlift, sentia dor. Isso começou a atrapalhar meus treinos. Eu treinava um dia e ficava dois ou três com dores”, explica.

Segundo o médico ortopedista e especialista em cirurgia do quadril Dr. Thiago Fuchs, as dores na coluna poderiam ser efeito de uma compensação criada a partir da lesão no quadril.

O diagnóstico de Evelyn e Pamela aponta para a Síndrome do Impacto Femoroacetabular (IFA), que é uma alteração óssea que pode causar lesão no labrum (estrutura fibrocartilaginosa responsável por promover um melhor encaixe entre os ossos que compõem essa articulação – cabeça do fêmur e acetábulo) considerada como um fator de risco para degeneração do quadril. O tratamento para essa lesão começa com um diagnóstico clínico preciso e exames de imagem específicos. A partir dessas informações será decidida a necessidade de uma cirurgia para reparar e tratar a causa do problema.

De acordo com o Dr. Thiago Fuchs, o tratamento do impacto femoroacetabular com lesão do labrum, sintomático, nos pacientes jovens é cirúrgico na maioria dos casos. Entre as possibilidades de tratamento cirúrgico, com baixa taxa de complicação – entre 1% e 5% – e excelentes resultados no tratamento de lesões no quadril está a artroscopia, técnica cirúrgica pouco invasiva para tratamento de lesões dentro e ao redor das articulações.

No procedimento uma câmera de vídeo e instrumentos específicos são introduzidos na articulação por pequenas incisões na pele de aproximadamente um centímetro.

RETORNO AO ESPORTE – Voltar a praticar o esporte após a artroscopia exige um trabalho de reabilitação com fisioterapia adequada. O objetivo é melhorar o movimento do quadril, fortalecer a musculatura, diminuir o estresse na região e estabilizar a articulação. Os pacientes são orientados a praticar atividades físicas leves e aumentar gradativamente a intensidade dos exercícios.

Como atletas, e com um volume muscular considerável, Pamella e Evelyn tiveram uma recuperação rápida e voltarão ao Crossfit nos próximos meses.

“Não senti dores. O que eu sentia no início era uma limitação. Depois de um mês de pós-operatório, eu fui voltando aos poucos, nada perto do Crossfit; eu pedalava, fazia musculação com os braços. Fui gradativamente aumentando, usando os aparelhos da academia. Com seis meses já estava trabalhando com bastante peso na academia e voltei ao Crossfit após oito meses da cirurgia”, comemora Evelyn.

“Meu pós-operatório está sendo tranquilo; tenho uma fisioterapeuta que eu já conhecia e que está me acompanhando. Faço fisioterapia todos os dias. Farei sessões até o Natal. O Dr. Thiago liberou para fazer bike e minha fisioterapeuta liberou cadeira extensora, cadeira flexora e membros superiores”, conta a Pamela.

PREVENÇÃO – Para evitar lesões, o ortopedista orienta que o esporte exige um preparo físico prévio, para não levar a musculatura à exaustão e sobrecarregar articulações, e que a técnica adequada previne as chances de se machucar.

“Procure boxes de crossfit com instrutores certificados. Toda prática esportiva deve ser acompanhada e supervisionada por um profissional capacitado. Outro ponto importante é reconhecer e respeitar seus próprios limites”, relembra o cirurgião. “Se o treino acontece dentro do seu limite, com orientação e adaptação para o seu perfil, tamanho e experiência, qualquer esporte é benéfico para a saúde”, finaliza.

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